“Sem dúvida que não será [esquecido]. Nós tivemos um empenho muito grande neste mandato e creio que conseguimos o mais difícil, que durante décadas nenhum executivo tinha conseguido”, disse Fernando Medina, que assumiu o cargo em abril de 2015 para substituir nestas funções o atual primeiro-ministro e líder socialista, António Costa.

O autarca, que falava à agência Lusa no final de uma ação de campanha das eleições autárquicas, recordou que “ao longo de várias décadas, [o bairro] teve várias promessas de destino - desde ser demolido, ser reconstruído noutro lugar, de ser simplesmente resolvida a questão do espaço público e várias promessas de legalização que nunca se concretizaram”.

“Desta vez, nós conseguimos desbloquear o nó principal” para a legalização dos lotes, notou, aludindo à “libertação, por parte da ANA [Aeroportos de Portugal], desta zona como zona de expansão aeroportuária”, que deixa de ser equacionada devido ao aeroporto complementar no Montijo.

Legalização não toca a todos no Bairro São João de Brito. Uma "conquista agridoce" para quem lá mora há 40 anos
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Isso permitiu a aprovação, no final de julho, de um loteamento de iniciativa municipal sobre um terreno com 7,25 hectares que permite legalizar 110 casas.

Por legalizar vão continuar, contudo, as casas da Rua das Mimosas e algumas moradias junto à rotunda do Relógio, num total de perto de 20 fogos que estão de fora do loteamento por estarem localizadas junto à faixa de proteção de 50 metros da Segunda Circular.

Para o próximo mandato, fica, por isso, “a finalização da legalização de todas as casas que estão dentro da operação de loteamento”, através da regularização cadastral das propriedades e da alienação aos proprietários, a criação de uma solução para as casas que ainda não foram abrangidas (equacionando-se, entre outras respostas, uma alteração no Plano Diretor Municipal) e ainda a requalificação do espaço público.

Na visita ao bairro, foram notórios problemas como o piso degradado, a acumulação de lixo, a falta de limpeza e a falta de saneamento, que Fernando Medina prometeu resolver.

O candidato considerou ainda que o caso do bairro podia ter sido resolvido pelo Governo anterior (PSD/CDS-PP) aquando da privatização da ANA.

“Há sempre resistência por parte dos que estão longe dos problemas concretos das pessoas”, lamentou.

Nesta candidatura candidatura denominada “Lisboa precisa de todos”, o PS conta com o apoio do partido Livre e com os movimentos independentes Cidadãos por Lisboa e Lisboa é Muita Gente.

Como adversários nestas eleições autárquicas, marcadas para 01 de outubro, terá Assunção Cristas (CDS-PP), João Ferreira (CDU), Ricardo Robles (BE), Teresa Leal Coelho (PSD), Inês Sousa Real (PAN), Joana Amaral Dias (Nós, Cidadãos!), Carlos Teixeira (independente apoiado pelo PDR e JPP), António Arruda (PURP), José Pinto-Coelho (PNR), Amândio Madaleno (PTP) e Luís Júdice (PCTP-MRPP).

Vizinho da Segunda Circular e do aeroporto, o bairro São João de Brito foi criado na década de 70 do século passado, quando retornados das ex-colónias portuguesas ali começaram a construir casas, com autorização da Câmara de Lisboa, dona do terreno.