A notícia da morte de Kim Jong-Nam, meio-irmão do líder coreano Kim Jong-Un, foi avançada por uma agência noticiosa sul coreana, a Yonhap, que cita uma fonte do governo de Seul. A informação é agora confirmada por fonte próxima do primeiro-ministro malaio, que confirmou a informação à BBC.
As autoridaes da Malásia também confirmaram a morte de Kim Jong-Nam, mas afirmam que a causa da morte está ainda por apurar. Ainda assim, uma fonte da polícia da Malásia, sob anonimato e citada pela Associated Press, afirma que Jong Nam terá sido atacado com um spray, na zona comercial do aeroporto, tendo ido pedir ajuda junto de um dos balcões de informação. Viria a morrer a caminho do hospital.
A Yonhap afirma que o Jong-Nam terá sido morto na segunda-feira de manhã, na Malásia.
O canal de cabo sul coreano, TV Chosun, avançou esta terça-feira de manhã uma história semelhante à agora revelada pela Associated Press. A notícia dava conta de que Kim Jong-Nam teria sido envenenado no aeroporto de Kuala Lumpur, por duas mulheres, que o canal de televisão diz acreditar serem duas agentes norte-coreanas.
À Reuters, as autoridades da Malásia disseram, esta manhã, que um homem norte-coreano, não identificado, terá morrido numa ambulância que o transportava do aeroporto de Kuala Lampur para o hospital mais próximo.
Kim Jong-Nam. O "capitalista" deserdado depois de ter tentado visitar a Disneyland de Tóquio
Kim Jong-Nam, o filho mais velho do ditador norte-coreano Kim Jong-Il, foi educado para suceder ao pai, mas caiu em desgraça em 2001, refere a imprensa sul-coreana.
Segundo o jornal Chosun Ilbo, em 2000, o regime norte-coreano começou a enviar sinais de que o filho mais velho de Kim Jong-Il seria o próximo "Querido Líder" do país, mas, logo depois, terá causado a cólera paterna ao ser expulso do Japão por tentar entrar naquele país com um passaporte falso da República Dominicana.
Kim Jong-Nam, que terá dito aos investigadores que queria levar o filho à Disneylândia de Tóquio, perdeu desde esse episódio os favores do ditador norte-coreano, refere o jornal, citando primos anónimos de Kim, que desertaram para a Coreia do Sul.
Em 2004, a sua chegada, sozinho, sem guarda-costas nem comité de recepção, ao aeroporto de Pequim, indicou que estaria excluído da linha de sucessão, apesar da sua condição de filho mais velho do "Querido Líder".
Desde então, foi noticiado que viveria na China e, mais recentemente, em Macau, onde teria uma luxuosa "villa", que comprou em 1997, ainda durante a administração portuguesa, e frequentava o hotel-casino Mandarim Oriental.
O jornal South China Morning Post, de Hong Kong, chegou mesmo a noticiar, em 2007, que Kim Jong-Nam vivia há três anos uma vida de luxo em Macau, com passaporte português, informação que em pouco dias foi desmentida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros português. "Não tem qualquer fundamento" a notícia segundo a qual o filho mais velho do líder norte-coreano, Kim Jong-Nam, é detentor de "um passaporte emitido por autoridades portuguesas", disse o Governo de Portugal.
Kim Jong-Nam é o filho de uma relação extra-marital de Kim Jong-Il com a actriz Sung Hae-Rim, de acordo com a imprensa coreana.
O Jong-Nam terá crescido rodeado de todos os luxos, mas num isolamento quase total, porque Kim Jong-Il quis esconder a relação com Sung, que terá morrido em 2002, em Moscovo, onde vivia desde a década de 1980.
Enquanto o povo norte-coreano morria de fome e de miséria, Jong-Nam estudava em casa com professores particulares e brincava numa sala com 990 metros quadrados, recheada de brinquedos que as equipas especiais de compras de presentes do pai traziam do estrangeiro, segundo o livro "Kim Jong-Il, o Querido Líder da Coreia do Norte", de Michael Breen.
Quando fez dez anos, o pai enviou-o para uma escola internacional em Genebra.
Kim Jong-Nam, conhecido como "Pequeno General", tinha "um espírito artístico, optimista e bem disposto", contou ao Chosun Ilbo um primo refugiado na Coreia do Sul.
Ainda antes de fazer 30 anos, Kim Jong-Nam, que, segundo o mesmo primo, sempre gostou de computadores e jogos electrónicos, começou a estudar economia e tornou-se responsável pela agência informática do Estado norte-coreano.
Mas terá sido após o regresso da Suíça que tudo terá mudado. Em entrevista à publicação japonesa Tokyo Shimbun afirmou que "depois de ter regressado à Coreia do Norte, após a minha educação na Suíça, afastei-me do meu pai porque eu insistia em reformas e na abertura ao mercado e acabei por ser olhado com suspeição".
Jong Nam revela, na altura, que o pai sentia-se muito sozinho depois de o ter enviado "para estudar no estrangeiro. Nessa altura nasceram os meus meios-irmãos Jong-chol e Jong-un e a minha meia-irmã Yeo-jong e a sua adoração transferiu-se para eles", conta.
Foi, aliás, por causa de todo este enredo que, segundo o próprio Kim Jong-Nam, o seu pai terá encurtado "a educação dos meus irmãos e irmã".
O deserdado, o filho preterido e antigo alto funcionário do Ministério da Segurança manteve a postura de dissidente e, após a morte do pai e a nomeação do seu meio-irmão mais novo, Kim Jong-Un, para lhe suceder, não se manteve calado. À revista japonesa a pergunta ficou no ar: "como é que um jovem herdeiro pode estar em condições de assumir o poder absoluto".
[Notícia atualizada às 14:38]
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