Um sismo de 7,1 na escala de Richter e a 51 quilómetros de profundidade, com epicentro na fronteira do Estado de Puebla e Morelos (centro), abalou o México na passada terça-feira e fez centenas de vítimas.

No mais recente balanço, o ministério detalhou que dos 273 mortos, 137 ocorreram na Cidade do México, a capital do país. E, destas vítimas, 19 serão crianças do Colégio Enrique Rebsámen, situado no sul da cidade, em Coapa, onde o abalo se sentiu com grande intensidade. Neste estabelecimento estudavam alunos que iam desde o jardim de infância ao 3º ciclo do ensino básico.

Os receios iniciais foram confirmados logo na noite de terça-feira pelo presidente mexicano. Enrique Peña Nieto, no local, informava aos pais desesperados e à comunicação social que entre vinte a vinte dois alunos e 2 professores tinham perdido a vida neste estabelecimento, enquanto outros 30 indivíduos se encontravam desaparecidos. “Passaram-se somente quatro segundos entre o tocar o alarme e a escola começar a ruir”, explicava, à data, um aluno ao espanhol El País.

Centenas de soldados, elementos da marinha e da polícia federal estavam no local, juntamente com os pais e outros civis que procuravam no meio do entulho acumulado por trabalhadores da escola ou estudantes que pudessem estar vivos. Durante esta operação foram resgatadas duas crianças, mas a esperança de encontrar sobreviventes diminuía à medida que o tempo ia passando.

A certa altura, no meio deste cenário trágico, começaram a surgir rumores de que havia uma sobrevivente, que as equipas de salvamento estavam a trabalhar para retirar uma criança de 12 anos que miraculosamente tinha sobrevivido ao devastador terremoto. Esta estaria a conseguir receber água através de uma pequena mangueira enquanto eram feitos esforços para a resgatar.

Algumas televisões mexicanas e outros canais internacionais seguiram o caso, alguns meios transmitiam a missão de resgate em direto nas suas plataformas digitais, acompanhando a par e passo todos os acontecimentos nesta operação em contra-relógio.

Só que esta quinta-feira a história sofreu um revés: não havia nenhuma aluna chamada Frida Sofía e não havia nenhuma jovem de 12 anos presa nos escombros do Colégio Enrique Rebsámen. Todas as Sofias da escola já tinham sido identificadas e não havia nenhuma "Frida Sofía" nos registos da escola. E também não havia ninguém soterrado.

Após dois dias de buscas, um elemento da Marinha anunciava que as crianças do colégio tinham sido identificadas. “Queremos enfatizar que não temos nenhum conhecimento sobre as notícias que começaram a emergir com um nome de uma rapariga. Não acreditamos — estamos convictos disso — que se tratava de algo real”, explicou.

Assim, o sub-Secretário da Marinha Armada do México, Ángel Enrique Sarmiento, confirmava finalmente que não havia nenhuma criança viva presa debaixo das ruínas da escola e que o colapso do colégio fez 25 mortos (19 crianças e seis adultos).

Este anúncio foi feito apenas horas depois de um outro, também por um oficial da marinha, a uma outra cadeia televisiva, de que a equipa de resgate estava em contacto com a menina, segundo o britânico The Guardian.

Esta revelação deixou a população mexicana indignada, espelhando bem essa consternação nas redes sociais. “As pessoas estão furiosas”, explicou ao jornal Esteban Illades, editor da revista Nexos. “Frida era a história”.

Quem expressou o seu desagrado foram os jornalistas da televisão mexicana Televisa — um dos principais veículos desta informação. “O governo federal sempre nos disse que a menina existia e que estavam na iminência de a salvar. Agora mudaram a sua versão. Ultrajante”, escreveu Carlos Loret de Mola na sua conta de Twitter.

O terramoto ocorreu depois de, no passado dia 7, um sismo de magnitude 8,2 - o mais forte desde 1932 -, ter causado 98 mortos no sul do país.

O abalo de terça-feira, que causou o pânico na população, coincidiu com o 32.º aniversário do forte sismo que provocou milhares de mortos em 1985 e foi registado apenas duas horas depois de um simulacro de terramoto em todo o país.

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