“A nossa posição é muito clara: temos de ajudar essas pessoas que precisam, mas temos de fazê-lo o mais próximo possível das suas terras. Temos de levar a ajuda onde ela é necessária e não trazer problemas para onde eles não existem”, declarou em entrevista à Lusa o ministro do Comércio Externo e dos Negócios Estrangeiros da Hungria, Péter Szijjártó, que hoje realiza uma visita oficial a Lisboa.

A Hungria, a par da Polónia e da República Checa, está a ser alvo de um procedimento de infração da Comissão Europeia pela sua recusa em participar no acordo da União Europeia para a redistribuição pelos Estados-membros de migrantes e refugiados chegados à Itália e à Grécia.

“A nossa posição é de que a segurança do povo europeu e da Europa em si deve ser prioridade na agenda europeia”, disse o chefe da diplomacia húngara, em entrevista à Lusa, no final de uma visita à sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), de que a Hungria é observador associado desde novembro de 2016.

A Hungria, continuou, defende a necessidade de “ajudar as pessoas que tiveram de fugir das suas casas a manter-se o mais próximo possível dos seus locais de origem para que possam regressar quando as crises tiverem acabado”.

O Governo húngaro critica que os refugiados sejam “encorajados a vir para a Europa, com risco para as suas próprias vidas, e trazendo perigo”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros comentou que “os enormes fluxos [de migrantes] nos últimos dois anos e meio, possibilitaram que organizações terroristas enviassem os seus terroristas, no meio desses fluxos”.

A Hungria “sempre deixou claro que [a imposição de quotas de acolhimento de refugiados por país] é contra a regulamentação europeia, que é inaplicável e contra o senso comum”.

Péter Szijjártó considerou que o sistema de recolocação de refugiados “é um enorme falhanço”.

O governante húngaro exemplificou que “mesmo os países muito entusiastas em relação ao sistema de quotas e que acusam a Hungria de não colaborar, cumpriram apenas 25% das suas quotas, no máximo”.

O ministro garantiu que a Hungria manterá a sua posição anti-migração: “Só nós, húngaros, podemos decidir quem é que deixamos entrar no território do nosso país, e mais ninguém”.

A visita do chefe da diplomacia húngara incluiu uma audiência com o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, ao final da tarde de hoje.