O roubo de armas de Tancos está relacionado com "suspeitas da prática de crimes de associação criminosa, tráfico de armas internacional e terrorismo internacional", confirmou o gabinete da procuradora-geral, Joana Marques Vidal.

Em comunicado hoje divulgado, a Procuradoria-Geral da República refere que, após a análise dos elementos recolhidos na investigação, o inquérito passa a ser dirigido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

“Na sequência de análise aprofundada dos elementos recolhidos, o Ministério Público apurou que tais factos se integram numa realidade mais vasta”.

Dada a “natureza e gravidade destes crimes” foi decidido que o inquérito seja dirigido pelo DCIAP, com a coadjuvação da Unidade Nacional Contra Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária e colaboração da Polícia Judiciária Militar.

Segundo a mesma nota, "o inquérito encontra-se em segredo de justiça".

A Associação dos Oficiais das Forças Armadas (AOFA) vai reunir hoje à noite o conselho nacional para analisar a situação de Tancos, disse à agência Lusa o presidente da organização, tenente-coronel António Mota.

“Eu convoquei para hoje uma reunião extraordinária do Conselho Nacional (AOFA) e que vai ter como únicos pontos da agenda a situação de Tancos, as exonerações e os protestos de amanhã [quarta-feira] para ver se tomamos uma posição final e global, de acordo com aquilo que o Conselho Nacional decidir”, disse à Lusa o tenente-coronel António Mota.

Entretanto, oficiais do Exército na reserva e na reforma estão a organizar um protesto simbólico agendado para quarta-feira, junto ao Palácio de Belém, para manifestar solidariedade para com os cinco comandantes afastados temporariamente pelo chefe de Estado-Maior do Exército (CEME), general Rovisco Duarte.

A AOFA não está envolvida no protesto de quarta-feira porque o que está na génese do gesto dos militares na reserva e na reforma é o afastamento temporário dos cinco comandantes, tratando-se esse afastamento, segundo o presidente da associação, de um ato de comando.

Quanto à recuperação do material em questão, Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, afirmou que Portugal está a desenvolver “todas as medidas para reaver o material [de guerra] roubado” na semana passada dos Paióis de Tancos, ato que classificou de “muito grave”.

O furto de material de guerra de paióis em Tancos foi detetado na quarta-feira, 28 de junho, ao final do dia. O Exército anunciou então que desapareceram granadas de mão ofensivas e munições de calibre de nove milímetros.

No domingo, 2 de julho, o jornal espanhol El Español divulgou uma lista de armamento, que diz ser "o inventário definitivo" do material furtado, distribuída às forças antiterroristas europeias.

A lista publicada pelo jornal, não confirmada pelo Exército português, inclui 1.450 cartuchos de munição de nove milímetros, 18 granadas de gás lacrimogéneo e 150 granadas de mão ofensivas.