“Efetivamente tem havido uma expansão, apesar de todo o esforço que tem vindo a ser feito para identificar e destruir os ninhos de vespa asiática. A sua capacidade de reprodução, pela ausência de predadores, tem sido de facto impressionante”, disse Capoulas Santos à agência Lusa em Vila Nova de Poiares, distrito de Coimbra.
Em declarações à margem da sessão comemorativa do 120º aniversário da restauração definitiva do concelho de Vila Nova de Poiares, o titular da pasta da Agricultura lembrou que o Governo está a “reequacionar” o programa de combate à vespa asiática com base numa comissão de acompanhamento que vai avaliar a estratégia para fazer face a esta espécie invasora, avistada já em 12 distritos, apesar das tentativas de controlo dos últimos dois anos.
A vespa velutina é uma espécie asiática com uma área de distribuição natural pelas regiões tropicais e subtropicais do norte da Índia ao leste da China, Indochina e ao arquipélago da Indonésia, sendo a sua existência reportada desde 2011 na região norte de Portugal.
Os principais efeitos da presença desta espécie não indígena manifestam-se não só na apicultura, por se tratar de uma espécie carnívora e predadora das abelhas, mas também para a saúde pública, porque, embora não sendo mais agressivas do que a espécie europeia, reagem de modo muito agressivo se sentirem os ninhos ameaçados, podendo fazer perseguições até algumas centenas de metros.
“É uma ameaça à nossa biodiversidade, em particular para as abelhas melíferas, que têm um papel importantíssimo na polinização. Teremos de levar mais longe o esforço, juntamente com a Proteção Civil e as autarquias, para identificar e destruir esta praga que infelizmente nos atingiu”, frisou Capoulas Santos.
O ministro da Agricultura avisou, no entanto, que a identificação e destruição de ninhos da vespa asiática “é uma atividade perigosa”, não só pelas características da espécie, como pelos ninhos estarem localizados, “muitas vezes, em árvores de grande altura”.
“E a sua manipulação e destruição implica meios, muitas vezes dispendiosos, para os quais é necessário dar resposta. Temos de nos mobilizar, ministério da Agricultura, autarquias, organizações da sociedade civil, Proteção Civil por forma a tentar suster esta praga que nos atingiu há seis ou sete anos atrás e que não tem parado de progredir no nosso território”, argumentou Capoulas Santos.
Um despacho publicado em Diário da república a 06 de outubro de 2017 criou a comissão de acompanhamento da vespa asiática refletindo o objetivo do Ministério da Agricultura, liderado por Luís Capoulas Santos, de obter uma avaliação da estratégia de combate a esta espécie invasora.
A comissão é presidida em conjunto por representantes da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), integrando elementos das várias direções regionais de agricultura, do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), da Autoridade Nacional de Proteção Civil, Direção-Geral de Saúde, Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente (GNR-SEPNA), Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP) e associações dos municípios (ANMP) e das Freguesias (ANAFRE).
Comentários