“Quando a notícia foi veiculada, o Ministério procurou saber. Os serviços foram junto das escolas e, de facto, com os contornos que foram descritos na comunicação social nós não temos a identificação do caso”, afirmou Fernando Alexandre.
Na quarta-feira o Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) já tinha assumido que não identificou qualquer situação “semelhante à relatada na comunicação social sobre um alegado ‘linchamento’ de um aluno ‘de 9 anos’” nepalês numa escola de Lisboa.
Em declarações aos jornalistas à margem da Conferência Internacional para o Ensino Superior da União para o Mediterrâneo, na reitoria da Universidade Nova de Lisboa, Fernando Alexandre explicou que a tutela apenas obteve informação de que a escola é do concelho da Amadora, mas não sabe se o caso ocorreu dentro ou fora do estabelecimento de ensino.
“O ponto que é fundamental é estarmos atentos a casos de violência, sejam sobre crianças estrangeiras ou portuguesas, que obviamente têm de ser denunciados e temos de ter todas as estratégias para impedirem que eles aconteçam. E garantir que, de facto, nestas populações mais frágeis, que chegaram a Portugal há pouco tempo, conseguimos integrá-las da melhor forma”, disse o ministro.
Apesar de admitir que ainda há “muita incerteza” sobre este caso, Fernando Alexandre sublinhou que a integração de jovens estrangeiros nas escolas é um grande desafio e que é preciso monitorizar os estabelecimentos de ensino para assegurar que não há episódios de violência sobre os estudantes.
“É um dos grandes desafios que temos na educação em Portugal – o grande número de estrangeiros que temos nas nossas escolas que merecem, obviamente, uma grande atenção do ponto de vista da integração e também do seu sucesso escolar”, referiu o governante.
Questionado sobre a existência de mais casos de violência similares em escolas, o ministro apontou para informações sobre “um ligeiro aumento da violência”, de acordo com os dados do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), que serão oficialmente apresentados em breve.
“Estamos atentos a isso, como é óbvio, mas todos os casos merecem a melhor atenção e seguem os processos normais, com todas as diligências e atenção. Nenhum caso de violência pode ser desvalorizado por nenhuma escola, como é óbvio”, sentenciou.
A Rádio Renascença noticiou na terça-feira que um menino nepalês de 9 anos foi “vítima de linchamento” numa escola de Lisboa.
A denúncia foi feita à rádio pela diretora executiva de uma instituição da Igreja, o Centro Padre Alves Correia (Cepac), que considerou que “as motivações dos outros menores foram xenófobas e racistas”.
Na resposta às questões da Lusa e de outros órgãos de comunicação social sobre este caso, o MECI revelou na quarta-feira que o Cepac tinha “inicialmente recusado colaborar” e que apenas “após insistência” conseguiu apurar a escola onde terão ocorrido as agressões.
“Contactada a escola em causa, na Amadora, a Direção informou que os únicos alunos de nacionalidade nepalesa a frequentar o agrupamento estão no ensino secundário. Informou ainda desconhecer por completo o alegado episódio ou qualquer situação semelhante, não tendo inclusive recebido qualquer participação sobre um ato idêntico. Não existe, por isso, qualquer ocorrência disciplinar registada”, acrescentou o Ministério.
Atualizado às 12h19.
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