“Há um número e um rácio substanciais de pessoas em Portugal que têm uma opinião diferente da que ouvem sempre de jornalistas e jornais liberais de esquerda, talvez seja altura de os ouvir”, disse o ministro-adjunto da Comunicação e das Relações Internacionais da Hungria, em declarações à agência Lusa.

Falando à Lusa após um encontro com alguns meios de comunicação social em Bruxelas, Zoltán Kovács, rejeitou haver uma “Orbanização” da política portuguesa, dado a discussão de caráter conservador em curso no país e que se assemelha aos ideais de Viktor Orbán, vincando que esta se trata apenas de “senso comum”.

“O que estamos a tentar sugerir nos últimos 14 anos é muito senso comum”, sublinhou o ministro-adjunto da Comunicação e das Relações Internacionais da Hungria, numa alusão aos sucessivos governos do político húngaro do partido nacional-conservador Fidesz, que serve como primeiro-ministro da Hungria desde 2010.

De acordo com Zoltán Kovács, “a posição húngara sobre estas questões está em total consonância com os regulamentos europeus e a perceção europeia da família tradicional não é a perceção específica húngara – da mulher e do homem, dos filhos, da família nuclear, da família maior”.

“Veja as suas próprias tradições, vai encontrar as raízes”, disse o governante húngaro à Lusa.

Em Bruxelas, alguns especialistas falam de uma “Orbanização” na União Europeia (UE), recentemente em países como Portugal.

Na segunda-feira, a apresentar o livro “Identidade e Família – Entre a Consciência da Tradição e As Exigências da Modernidade”, o antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho pediu um “sinal muito forte” para responder aos que expressaram desilusão nas últimas eleições e que não se criem desentendimentos teatrais no espaço político.

O anterior chefe de Governo defendeu que tem de haver uma capacidade de as pessoas “se entenderem coletivamente” e avisou que não se pode dizer aos eleitores que se tem “muito respeito pelas suas preocupações”, mas não pela escolha que fizeram nas urnas.

Sem explicitar os destinatários, mas numa aparente referência a PSD e Chega, o antigo primeiro-ministro disse que “quando há identidades firmadas” não há que ter medo de os espaços políticos “se diluírem ou confundirem entre si”.

Estiveram presentes na apresentação do livro o líder do Chega, André Ventura, e o líder do CDS-PP, Nuno Melo.

À saída, Ventura considerou que a intervenção de hoje de Passos Coelho tocou mais “em bandeiras do Chega, como a ideologia de género, a família ou a imigração”.

Hoje mesmo, o Parlamento Europeu aprovou uma recomendação pedindo ao Conselho (Estados-membros) para incluir o abordo na carta de direitos fundamentais da UE, à semelhança do que França fez, decisão que Zoltán Kovács rejeitou comentar.