Entre terça e quarta-feira, os ministros da Defesa dos 27 reúnem-se para avaliar o apoio político-militar dado à Ucrânia, um ano e meio depois do início da invasão russa.

A ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, participa na reunião.

Já na quinta-feira, os ministros com a pasta da diplomacia dos Estados-membros da UE participam numa reunião informal, apelidada de “Gymnich”, aludindo ao castelo alemão onde decorreu a primeira destas reuniões. O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, participa na reunião

A discussão em Toledo vai centrar-se em como é que os Estados-membros da UE podem ir mais longe no apoio ao país invadido. O Mecanismo Europeu de Apoio à Paz (MEAP) já foi acionado sete vezes para apoiar a Ucrânia, totalizando quase seis mil milhões de euros. Uma oitava parcela de 500 milhões de euros aguarda aprovação, que poderá ocorrer durante estas reuniões.

Em simultâneo, os ministros deverão discutir a contraofensiva ucraniana, que começou há poucos mais de dois meses, pelo que é provável que os ministros recebam 'inputs' do ministro ucraniano da Defesa, Oleksii Reznikov, como aconteceu em reuniões anteriores.

Para que isso aconteça, a Hungria tinha de levantar a objeção à aprovação do oitavo pacote. O veto húngaro surgiu por causa da inclusão do banco OTP na lista ucraniana de organizações que promovem a guerra.

Em simultâneo, os ministros dos 27 deverão abordar a disponibilização de um milhão de munições de grande calibre à Ucrânia, prometida no início do ano e que há poucos meses tinha ultrapassado um quarto do objetivo traçado a 12 meses.

Como maneira de continuar a 'apertar o cerco' à Rússia e aos países que a ajudam, os ministros também poderão discutir o mais um pacote de sanções ao Kremlin, a pessoas e empresas que contribuem para a invasão ou que ajudam a Rússia a contornar as sanções já impostas.

O objetivo de Bruxelas é impedir a Rússia de fomentar a guerra.

Já os ministros dos Negócios Estrangeiros deverão receber informações sobre o conflito na Ucrânia do homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba.

A morte do líder do grupo de mercenários Wagner, Yevgeny Prigozhin, na quarta-feira, num alegado acidente de avião, também poderá fazer parte da discussão, não só pelas implicações que poderá ter na guerra na Ucrânia, mas também na presença da Wagner em África, principalmente quando as atenções da UE naquele continente estão agora voltadas para o Níger.

O Níger vive uma crise política desde 26 de julho, quando uma junta militar - que se autodenomina Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), liderada pelo antigo chefe da Guarda Presidencial, general Abdourahamane Tiani - depôs o Presidente eleito Mohamed Bazoum (que se encontra em prisão domiciliária desde então) e suspendeu a Constituição.

O golpe de Estado foi condenado pela comunidade internacional e pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que decretou duras sanções económicas e comerciais contra o Níger (membro do bloco antes de ser suspenso) e ameaçou com uma ação militar contra os golpistas para restabelecer a ordem constitucional.

Vários países expressaram a sua rejeição da opção militar, incluindo os vizinhos Mali e Burkina Faso - também governados por juntas militares - que avisaram que qualquer ação militar contra o Níger seria equivalente a uma declaração de guerra contra eles.

Estas reuniões realizam-se no âmbito da presidência espanhola do Conselho da UE, no segundo semestre de 2023. As "Gymnich" ocorrem duas vezes por ano.