“A experiência de Moçambique demonstra que a construção da paz e reconciliação nacional depende do diálogo franco e da vontade política das lideranças, bem como do envolvimento de todos os atores da sociedade”, afirmou a ministra, na abertura da cerimónia do “Mês da Amnistia em África”, promovido pela União Africana e que pretende promover o desarmamento do continente.

A iniciativa foi lançada em 2017 e este ano a sessão oficial está concentrada em Maputo, até terça-feira, com o lema “Desarmamento, Oportunidade Chave para o Silenciar das Armas em África: Lições da República de Moçambique”.

O país concluiu em junho passado o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, maior partido da oposição). Iniciado em 2018, o processo abrange 5.221 antigos guerrilheiros da Renamo, dos quais 257 mulheres, com o encerramento da base de Vunduzi, a última da Renamo, localizada no distrito de Gorongosa, província central de Sofala.

“É verdade que dá-nos orgulho, mas responsabiliza-nos mais, para fazermos mais e melhor para o nosso país, mas também para o nosso continente (…) Nós somos pobres, se continuarmos sempre com as guerras, sempre a gastar dinheiro com as armas, perder os nossos filhos, não vamos para nenhum lugar”, enfatizou a governante, na sua intervenção

“Penso que o mundo tomou uma decisão boa, vem para aqui, para aprender a experiência de Moçambique, mas nós também vamos aproveitar para ouvir outras experiências, para melhorar a nossa”, disse ainda Verónica Macamo.

Acrescentou que a conclusão do DDR representa “um importante contributo aos esforços coletivos para uma paz duradoura, estabilidade e reconciliação entre os moçambicanos”, mas admitiu que o Governo “continua empenhado na recolha de todo o tipo de armas.

“Dada a sua indevida, utilização podem constituir uma potencial ameaça à paz e segurança no País. Neste sentido, continuamos a exortar os moçambicanos para a entrega voluntária de armas”, disse, elogiando o envolvimento da sociedade civil, confissões religiosas e lideranças locais na entrega voluntária de armas.

A chefe da Diplomacia moçambicana apontou que a “proliferação de armas ilícitas tem contribuído para a perpetuação de conflitos armados e da violência em África e não só”, fenómeno que “tem consequências humanitárias graves e condiciona o alcance das premissas consagradas na Iniciativa para o Silenciar das Armas em África até 2030”.

“O Conselho da Paz e Segurança da União Africana, ao realizar esta cerimónia em Maputo, enaltece a contribuição de Moçambique no alcance da visão continental sobre o Silenciar das Armas, um dos principais pilares na construção da África que queremos para as gerações presentes e futuras. É de facto um momento soberano para uma profunda reflexão”, destacou ainda.

A história recente de Moçambique tem sido marcada por momentos de conflitos armados, nomeadamente a guerra de 16 anos e a tensão político-militar recentemente terminada.

Com a assinatura do Acordo Geral de Paz entre o Governo e a Renamo em 1992, as Nações Unidas, através da sua Missão (ONUMOZ) iniciou ao processo de desmantelamento das armas ilícitas.

Moçambique é atualmente membro não-permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

“Reafirmamos o compromisso do Governo da República de Moçambique de continuar a contribuir nos esforços da União Africana para o Silenciar das Armas em África até 2030”, concluiu Verónica Macamo.