Através dos seus canais de propaganda, o grupo terrorista refere ter feito detonar, no domingo, um engenho explosivo que atingiu um blindando em patrulha do exército moçambicano, na estrada que liga as aldeias de Mbau e Limala, no distrito de Mocímboa da Praia, provocando mortos e feridos entre os militares.

Um outro ataque do género reivindicado pelo grupo terrorista terá ocorrido numa estrada do distrito de Macomia, também em Cabo Delgado, a 140 quilómetros de distância.

A Lusa não conseguiu confirmar no terreno, até ao momento, a veracidade destes anúncios do grupo terrorista.

No domingo, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Moçambique disse que o exército moçambicano tem um maior controlo de Cabo Delgado, reiterando que prosseguem operações de perseguição aos rebeldes que aterrorizam aquela província a norte.

“Conseguimos desenvolver operações e ter um maior controlo na região, perseguindo sem tréguas os terroristas”, declarou Joaquim Rivas Mangrasse, numa informação ao Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, em Tete.

Segundo o chefe do Estado-Maior General, a recente eliminação do líder do terrorismo no país, o moçambicano Bonomade Machude Omar, constituiu uma “enorme baixa” para os rebeldes que atacam a província de Cabo Delgado desde 2017.

“Asseguramos a vossa excelência que as Forças Armadas de Moçambique continuam firmes nas operações de perseguição”, frisou Joaquim Rivas Mangrasse, considerando que o exército moçambicano está cada vez mais “firme”, embora admita limitações orçamentais.

“Com muito pouco, temos feito bastante. Com outro apoio, poderíamos fazer muito mais. Mas os resultados de uma guerra não se resumem ao sucesso de uma batalha. É preciso estar consciente dos perigos latentes e acautelar o futuro”, concluiu Joaquim Rivas Mangrasse.

A morte de Bonomade Machude Omar, considerado o líder do grupo radical Estado Islâmico em Moçambique, foi anunciada em 25 de agosto e foi resultado de uma operação denominada operação “Golpe Duro II” do exército moçambicano.

O líder extremista era descrito por vários especialistas como “uma simbiose entre brutalidade e justiceiro”, constando da lista de “terroristas globais” dos Estados Unidos e alvo de sanções da União Europeia.

A província de Cabo Delgado enfrenta há quase seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

No terreno, em Cabo Delgado, combatem o terrorismo — em ataques que se verificam desde outubro de 2017 e que condicionam o avanço de projetos de produção de gás natural na região – as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).

O conflito no norte de Moçambique já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, enquanto o Presidente moçambicano admitiu “mais de 2.000” vítimas mortais.