”Ao contrário daquilo que às vezes vai passando, esta comissão técnica não vai escolher a nova localização do aeroporto. Isso é um erro. Isso não corresponde ao que está escrito na Resolução do Conselho de Ministros e que foi alvo do entendimento entre o PSD e o Governo”, disse Luís Montenegro num pequeno-almoço com jornalistas, no âmbito da iniciativa “Sentir Portugal”, em Setúbal.

“A comissão técnica não faz escolhas. A comissão técnica diz, do ponto de vista técnico, quais são as vantagens e as desvantagens, quanto é que custa cada opção, qual é o prazo de execução e o que é que são as características de cada opção. Quem escolhe é o poder político e não há acordo ainda quanto à escolha, também convém dizer isto. Há acordo quanto à metodologia, quanto à escolha, veremos no final, quando o estudo estiver feito”, acrescentou o líder social-democrata.

Luís Montenegro disse estar confiante de que as alegadas dificuldades na contratação de estudos de impacto ambiental podem ser geridas pelo Governo, em articulação com a comissão independente.

“O que eu desejo é que isso esteja tudo acautelado. E desejo, sobretudo, que no fim do ano se faça uma rigorosa avaliação – uma avaliação ambiental estratégica, não apenas uma avaliação ambiental -, para que nós possamos tirar conclusões sobre as vantagens e as desvantagens de cada uma das opções”, frisou o dirigente do PSD.

Questionado pelos jornalistas, Luís Montenegro confirmou também que o PSD defende a construção de pontes rodoviárias Barreiro/Montijo e Barreiro/Seixal, como já tinha sido defendido pela Comissão Política Distrital de Setúbal do PSD, que no passado dia 15 de maio criticou o Governo do PS por ter transformado uma promessa de construir pontes rodoviárias em pontes pedonais.

“Mais uma vez, o Governo do PS engana o distrito de Setúbal com propaganda e ilusão. Das prometidas pontes rodoviárias, passamos para pontes pedonais e cicláveis, que não resolvem nenhum problema”, acusou, na altura, a Comissão Política Distrital do PSD de Setúbal.

Sobre os problemas da saúde e do Serviço Nacional de Saúde na região de Setúbal, da falta de infraestruturas e de profissionais de saúde, entre outros, que são comuns a quase todo o país, Luís Montenegro, disse que o PSD vai apresentar nas próximas semanas mais um conjunto de propostas para a saúde, mas lembrou que os portugueses devem pedir responsabilidade pelo atual estado de coisas, não ao PSD, mas ao Governo do PS que está há oito anos no poder.

Confrontado com a realidade autárquica no distrito de Setúbal, dominado pelo PS e pela CDU, Luís Montenegro admitiu que gostava de ver um quadro diferente.

“Vejo um quadro que não quero ver, pintado só a vermelho e a cor-de-rosa”, disse o líder do PSD, salientando que, apesar de tudo, a situação tem vindo a mudar e que a influência do PCP já não é a mesma de outros tempos.

”A preponderância do Partido comunista já não é a mesma de há 25 anos. Dentro dessa evolução, que infelizmente foi mais passando do PCP para o PS, que nós nos possamos intrometer”, disse Luís Montenegro, esperançado de que possa ocorrer um efeito de contágio, depois de o PSD conquistar a primeira câmara municipal no distrito de Setúbal.