O MPPM apresenta publicamente o manifesto «Justiça para a Palestina», “numa data simbólica importante para o drama nacional do povo palestino”, disse à agência Lusa o historiador Carlos Almeida, vice-presidente do movimento.

A 2 de novembro de 1917, o então chefe da diplomacia britânica, Arthur Balfour escreveu uma carta “prometendo ao movimento sionista o favorecimento por parte de Inglaterra do projeto de fixação de emigrantes da Europa na Palestina, prometendo uma terra que não controlava, nem administrava a um povo que não vivia nela ignorando a secular existência de uma sociedade fortemente enraizada nessa terra”, adiantou o ativista.

Além desta data, este ano assinalam-se os 70 anos do plano de partilha da Palestina com a adoção de uma resolução pela ONU em 1947, que deu origem ao Estado de Israel, e os 50 anos do início da ocupação por Israel da margem ocidental, de Jerusalém oriental e da faixa de Gaza, na guerra de 1967.

“E é em nome da justiça que a comunidade internacional deve a este povo que nós decidimos em Portugal suscitar a voz da opinião pública nacional para que numa tomada de posição digamos que é tempo da comunidade internacional assumir as suas responsabilidades relativamente à causa nacional do povo da Palestina”, disse Carlos Almeida.

Considerou que “no contexto da comunidade internacional Portugal (…) tem um dever de dar o seu contributo (…) para que a comunidade internacional enfim faça justiça e reconheça os direitos legítimos do povo palestino a ter um país independente, livre, soberano”.

O manifesto, “subscrito por uma centena de individualidades da vida pública portuguesa”, entre os quais escritores, cantores, deputados, economistas, sindicalistas, professores universitários e jornalistas, deverá ser “entregue nos próximos dias a todos os órgãos de soberania em Portugal (…)” para que Assembleia da República, Governo, Presidência da República “tomem nos foros internacionais esta como uma causa importante e definidora do mundo em que nós vivemos”, disse o vice-presidente do MPPM.

Carlos Almeida considerou que “a continuação da colonização e o avanço dos colonatos” é o principal obstáculo para que o povo palestiniano tenha a justiça que o MPPM defende, referindo ainda o “aprofundamento das medidas de descriminação e segregação da população palestina por parte do Estado de Israel” e a “persistente impunidade de que Israel vai gozando no âmbito da comunidade internacional”.

“Não estamos otimistas relativamente a uma solução próxima”, declarou, assinalando que “desde 1993 (…) a população que vive nos colonatos mais do que duplicou” e que a área “que a comunidade internacional considera dever ser território do futuro Estado da Palestina está em mais de metade ocupado ou por colonatos ou por vias de comunicação onde só circulam colonos ou pelo muro, que a comunidade internacional e o tribunal internacional de justiça condenou como criminoso”.

“A possibilidade de uma solução justa (está) mais condicionada, mais limitada, mais comprometida”, adiantou.

As deputadas Jamila Madeira (PS), Joana Mortágua (BE) e Vânia Dias da Silva (CDS), o politólogo André Freire, o professor universitário Boaventura Sousa Santos, o advogado António Arnaut, o sindicalista Arménio Carlos, a jornalista Diana Andringa, o coronel Vasco Lourenço e o general Pedro Pezarat Correia, os cantores Paulo de Carvalho, Carlos Alberto Moniz e Francisco Fanhais, o encenador Helder Costa, o escritor Valter Hugo Mãe, a presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Rio, e o teólogo dominicano Frei Bento Domingues são alguns dos subscritores do manifesto.