"Já declaramos publicamente que estamos ativamente a tentar uma nova parceria em relação ao Partenon com nossos amigos na Grécia e, com a entrada deste novo ano, as negociações seguem em curso", anunciou um porta-voz do Museu Britânico à AFP nesta quarta-feira, sem dar mais detalhes.

O Daily Telegraph informou esta terça-feira que o presidente do museu, o ex-ministro das Finanças britânico George Osborne, estava prestes a concluir um acordo com o governo grego para devolver estas peças como parte de um "intercâmbio cultural" — ação que permite assim contornar uma lei que impede a instituição londrina de desmantelar o seu impressionante acervo.

Desde o início do século XX que a Grécia tem vindo a solicitar oficialmente a devolução de um friso de 75 metros arrancado do Partenon e de uma das famosas cariátides do Erecteion, um pequeno templo antigo também localizado na Acrópole de Atenas, peças-chave na coleção do Museu Britânico.

As autoridades britânicas afirmam que as peças foram "adquiridas legalmente" em 1802 pelo diplomata britânico Lord Elgin, que as vendeu ao Museu Britânico, mas a Grécia afirma que foram "saqueadas" enquanto o país estava sob ocupação otomana.

O acordo negociado entre o museu e a Grécia seria, segundo fontes citadas pelo Telegraph, um contrato de empréstimo para que o friso seja rapidamente devolvido à Grécia. Este "gesto", porém, a acontecer, não encerraria a disputa, pois Atenas pretende continuar a exigir a restituição integral das peças.

A imprensa grega informou em dezembro que tem havido negociações secretas entre Osborne e o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis desde há um ano.

O governo britânico recordou então que o Museu Britânico está sujeito a uma lei de 1963 que o impede de transferir ou vender objetos da sua coleção, exceto em condições muito limitadas.

Outros países, como Egito e Chile, também exigem a devolução de peças do acervo britânico, como bustos de faraós ou o moai Hoa Hakananai'a, a estátua mais espiritualmente valiosa da Ilha de Páscoa.

As autoridades chilenas iniciaram negociações em 2018, com a viagem a Londres de uma delegação de indígenas rapanuis da ilha polinésia com a esperança de conseguir um "empréstimo" de longo prazo da figura de basalto de 2,4 metros de altura e 4 toneladas de peso que, segundo a sua tradição, guarda o espírito de um dos seus antepassados. Tais negociações ainda não deram resultados.