Em meados de abril, o presidente do município, Fernando Medina (PS), anunciou a passagem para a Câmara de Lisboa, por 50 anos, da gestão de um conjunto de edifícios da Manutenção Militar, uma antiga fábrica do Exército localizada junto ao rio, com uma área superior a 30 mil metros quadrados.

A transferência da gestão, que vai custar 7,1 milhões de euros ao município como contrapartida (valor ao qual acrescem as obras de reabilitação), será concretizada hoje, com a assinatura do auto de cedência à autarquia pelo Estado.

O objetivo do município é aqui fixar "empresas, empreendedores, incubadoras de todo o mundo, de todos os tipos e de diferentes filosofias", revelou Fernando Medina no início de maio.

Questionado sobre prazos, o responsável estimou, na mesma ocasião, que o "processo fundamental de desenvolvimento [do polo criativo e empreendedor] tenha lugar nos próximos três anos, precisamente o tempo da duração da Web Summit", evento de tecnologia que se realiza pela primeira vez na cidade em novembro.

Esta cedência foi aprovada na reunião camarária privada da passada quarta-feira e contou com o voto contra do CDS-PP, a abstenção do PSD e os votos favoráveis da maioria socialista (que inclui o movimento Cidadãos por Lisboa) e do PCP.

O vereador centrista, João Gonçalves Pereira, tem vindo a criticar o projeto, mantendo “reservas" sobre o acordo.

No início de junho, numa nota enviada à Lusa, João Gonçalves Pereira considerou estar em causa uma "transação ruinosa", que "apenas vai favorecer o atual Governo".

Isto porque, na ótica do autarca, o investimento do município "ultrapassa em muito o valor do imóvel, [que] será restituído ao fim de 50 anos em muito melhor estado de conservação do que foi recebido".