Nauru fica no sudoeste do Oceano Pacífico e tem uma população de cerca de 13.000 pessoas e uma área total de 21 quilómetros quadrados, estando a atravessar há já algum tempos sérios problemas financeiros, sendo que o país já esteve mesmo na bancarrota.

A pequena ilha, um dos mais pequenos estados independentes do mundo, estabeleceu pela primeira vez relações diplomáticas com Taiwan em 1980, tendo cortado pela primeira vez relações, a favor de Pequim, em 2012. Três anos volvidos, no entanto voltou atrás na decisão.

Agora, passados quase dez anos volta a apostar em outra ficha, neste caso a da China.

O que aconteceu?

Na última segunda-feira, o presidente de Nauru, David Adeang, anunciou que o seu país iria  encerrar a ligação diplomática com  Taiwan, colocando-se do lado da China. De acordo com Adeang, esta decisão levava em conta o “melhor interesse” da nação insular e do seu povo.

“Isto significa que a República de Nauru não reconhecerá mais Taiwan como um país separado, mas sim como uma parte inalienável do território da China”, lê-se no comunicado.

Quais as razões?

Esta posição surgiu após a vitória do candidato do Partido Democrata Progressista (DPP), William Lai, na corrida presidencial, que era visto como Pequim como um “separatista perigoso”.

Alguns comentadores políticos salientaram também que David Adeang estava "descontente" com o DPP e a falta de apoio do partido de Lai durante o último mandato, nomeadamente económico.

Outros referiram também que a China se envolveu em "diplomacia monetária", oferecendo a Nauru muito mais dinheiro do que Taiwan fornece aos aliados. "Uma operação de charme perante pequenas micro-economias, esta de grande sucesso.

“A primeira coisa a ter em mente é que Nauru é um país com pouco mais de 13.000 habitantes, portanto a provisão de incentivos económicos ou de desenvolvimento que possam persuadi-lo a mudar o reconhecimento é mínimo. A questão aqui é que o Governo de Taiwan decidiu, já há alguns anos, não enfrentar o governo chinês na diplomacia do talão de cheques, por isso continuará a perder aliados para Pequim se Pequim estiver determinado o suficiente a superar a oferta de Taiwan", disse Steve Tsang, diretor do SOAS China Institute em Londres

Qual é o impacto desta decisão?

Perante a falta de apoio de Nauru, Taiwan fica agora com apenas 12 aliados diplomáticos.

A maioria são nações pequenas, nomeadamente o Belize, Guatemala, Haiti, Paraguai, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Essuatíni, Ilhas Marshall, Palau, Tuvalu e Vaticano.

Refira-se que nos últimos anos, Taiwan perdeu mais de dez aliados, nomeadamente desde que o antecessor de Lai, Tsai Ing-Wen, assumiu a presidência em 2016.

Como foram as reações?

Taiwan condenou a China e o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taipé disse que o Governo de Xi Jinping programou esta notícia intencionalmente para depois das eleições.

O vice-ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Tien Chung-kwang, salientou que foi um “ataque flagrante à democracia”.

Entretanto, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China emitiu um comunicado dizendo que “aprecia e saúda a decisão” e que “está pronto para trabalhar com Nauru para abrir novos capítulos das nossas relações bilaterais”.

Os EUA também intervieram, dizendo que a “decisão soberana” de Nauru foi “dececionante”.