“Estou profundamente desapontado por vos informar que, apesar do empenho e determinação de todas as delegações e das diferentes partes (…), a Conferência sobre o Chipre terminou sem acordo”, disse António Guterres aos jornalistas presentes na estância de Crans-Montana, nos Alpes suíços.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, voltou na quinta-feira a participar nas negociações para a reunificação do Chipre, depois de ter feito uma intervenção na passada sexta-feira.

Com o diálogo bloqueado durante os últimos dias, os líderes grego e turcocipriota pediram o regresso do diplomático português, que aceitou a solicitação.

O regresso de Guterres na quinta-feira à mesa de negociações foi pedido sobretudo pela parte turcocipriota e pela Turquia, assim como o partido grecocipriota Akel.

O ministro turco dos Negócios Estrangeiros, Mevlut Cavusoglu, acusou a parte grega e cipriota de atuar fora do marco estabelecido durante a primeira visita de Guterres a Crans-Montana, na sexta-feira, mas Nicósia e Atenas alegaram o mesmo de Ancara.

Chipre garantiu a sua soberania política face a Londres em 1960 na sequência dos acordos de Zurique e Londres, que estabeleceu a Grécia, Turquia e Reino Unido como garantes da independência do novo país, um sistema que Atenas e a parte cipriota grega pretendem eliminar.

A questão da segurança de ambas as comunidades e do sistema de garantias, que permitem à Turquia, Grécia e ao Reino intervir para restabelecer a ordem constitucional se for necessário, era descrita como a mais espinhosa nas negociações de Crans-Montana.

A ilha está dividida desde a invasão turca do norte do Chipre em 1974, após um golpe de Estado perpetrado por elementos grecocipriotas com a intenção de concretizar a “enosis” (união) e decidir a anexação da ilha por parte da Grécia.