“O declínio demográfico é uma tendência que tem vindo a generalizar-se a praticamente todo o território da região do Norte”, pode ler-se no documento elaborado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).

Segundo o relatório, que identifica as tendências que marcam a evolução económica na região a médio longo prazo, “a população residente da região do Norte atingiu o seu valor máximo em 2006, quase estabilizou em 2007 e diminuiu de forma mais acentuada desde então”.

“No final de 2006 residiam na região do Norte quase 3,72 milhões de pessoas” e, dez anos depois, esse número “era já inferior” a 3,59 milhões de indivíduos, sendo que, no mesmo período, a diferença entre nados-vivos e óbitos resultou numa perda de quase 22 mil residentes.

Comparando a diferença entre os comportamentos migratórios de saída e de entrada, o estudo conclui que, já desde o ano de 2003, a região observa saldos migratórios negativos, valor “particularmente acentuado” entre 2012 e 2014, em que a região perdeu “cerca de 16 mil residentes por ano, em termos médios”.

Nos dois anos mais recentes, a perda populacional na região do Norte motivada pelo saldo migratório foi menos acentuada, situando-se em valores próximos de 12 ou 13 mil pessoas ao ano.

Os dados mostram ainda “um progressivo agravamento do declínio demográfico na região”, com o Norte a perder 33 mil residentes entre 2006 e 2011, enquanto nos cinco anos seguintes, e até final de 2016, a perda populacional se cifrou em quase menos 103 mil residentes.

Por sub-regiões, os números apontam para quatro - Cávado, Ave, Área Metropolitana do Porto e Tâmega e Sousa – cuja população apresentou, ao longo da década, uma taxa média anual de crescimento natural positiva, “embora com valores muito pouco expressivos”.

“O Cávado destaca-se por ser, desde 2012, a única sub-região do Norte que ainda mantém um saldo natural positivo”, assinala o relatório, segundo o qual “todas as sub-regiões do Norte foram marcadas por uma tendência de declínio demográfico ao longo da década, exibindo por isso valores negativos para a taxa média anual de crescimento efetivo da população”.

Juntando as componentes natural e migratória, o estudo identificou nove municípios com crescimento efetivo da população entre 2006 e 2016, nomeadamente: cinco da Área Metropolitana do Porto (Maia, Valongo, Vila do Conde, Vila Nova de Gaia e Matosinhos); também o concelho de Braga; e ainda três municípios que formam um contínuo territorial divido entre o Tâmega e Sousa e o Ave (Paços de Ferreira, Vizela e Lousada).

“Entre 2011 e 2016, porém, apenas os municípios da Maia, Valongo e Paços de Ferreira viram crescer a respetiva população”, tendo Valongo registado mais 834 residentes, assinala.

Como resultado da dinâmica populacional regressiva, o Norte “apresenta-se com uma população crescentemente envelhecida” e, em 2016, residiam na região, em média, 146,4 pessoas com 65 ou mais anos por cada 100 jovens com menos de 15 anos de idade (valor que compara com 150,9 ao nível nacional) e apenas as regiões do Alentejo e do Centro contam com uma população mais envelhecida do que o Norte.

Empresas mais resilientes durante a crise e com melhor desempenho económico 

“Nos períodos recessivos, mostraram-se as mais resilientes e, na fase de recuperação económica, foram o motor do crescimento empresarial em Portugal num conjunto de indicadores, em particular no pessoal ao serviço, no valor acrescentado bruto, no volume de negócios, nos gastos com o pessoal e na produtividade do trabalho”, pode ler-se no documento elaborado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).

Segundo o relatório, que identifica as tendências que marcam a evolução económica na região a médio longo prazo, “a proporção de sociedades da região do Norte no total nacional cresceu de 32,2% para 34,0% entre 2008 e 2015, um aumento que se traduziu em mais 7.925 sociedades na região do Norte e mais 3.996 em Portugal”.

“Depois do choque externo que ocorreu entre 2007 e 2008, a evolução que se seguiu até 2015 mostrou que as sociedades com sede na região do Norte foram mais resilientes do que as de Portugal no seu todo”, sustenta o relatório segundo o qual, no período de recuperação económica do país, as empresas do Norte “tiveram um melhor desempenho”.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), no período entre 2012 e 2015, “as sociedades da região do Norte recuperaram parcialmente o emprego perdido, com mais 57.281 pessoas ao serviço (+6,6%), um valor que confronta com mais 112.718 (+4,4%) em Portugal”. Já em termos de volume de negócios, no mesmo período as empresas do Norte entraram numa “trajetória de recuperação”, registando um aumento de 6.462 milhões de euros (+7,8%).

No geral, diz o relatório que “o Norte voltou a contribuir com cerca de metade do crescimento no contexto nacional entre 2012 e 2015”, período durante o qual “a produtividade aparente do trabalho (…) cresceu cerca de três vezes mais na região do que em Portugal”.

“O dinamismo da economia empresarial da região do Norte foi, decisivamente, um pilar fundamental para o crescimento da economia no contexto nacional”, destaca a CCDR-N, realçando que “a prova disso foi a retoma que, entretanto, aconteceu nos indicadores de produção, de competitividade, de rendimento, de rendibilidade”.

Numa análise setorial, o setor das indústrias transformadoras mostrou-se, em 2015, como “o mais importante”, contando com 341.536 pessoas ao serviço das sociedades do Norte, correspondendo a 37,1% do total das atividades económicas, enquanto o comércio empregava 195.869 indivíduos (21,3%) e a construção 102.826 (11,2%).

Em conclusão, entre 2012 e 2015, na região do Norte, o volume de negócios aumentou 7,8%, os gastos com o pessoal cresceram 9,6%, as remunerações por trabalhador subiram 3,7% e a produtividade aparente do trabalho aumentou 10,0%.

A evolução da situação patrimonial e financeira das sociedades nesse período mostrou que os capitais próprios do Norte aumentaram 23,5%, por sociedade, traduzindo-se num aumento da autonomia financeira de 31,9% para 38,0%.