O número de combatentes ou apoiantes do autoproclamado Estado Islâmico que morreram na sequência do lançamento pelos EUA da bomba GBU-43 no leste do Afeganistão aumentou para 94, segundo um oficial afegão citado pela Associated Press.

Segundo Ataullah Khogyani, porta-voz do governador da província de Nangarhard, foram mortos no ataque quatro líderes do grupo radical. “Felizmente, não há informações de civis mortos no ataque”, acrescentou.

Num balanço anterior, Esmail Shinwar, governador do distrito de Achin, reduto do grupo radical Estado Islâmico na província de Nangarhar, disse que “pelo menos 92 combatentes do Daesh foram mortos”. “Três túneis onde os combatentes tinham tomado posições na altura do ataque foram destruídos”, disse à AFP, enquanto o porta-voz do governador provincial, Attaullah Khogyani, referiu “90 combatentes do Daesh mortos”.

Na sexta-feira, o Ministério da Defesa afegão disse que a bomba destruiu uma rede de túneis utilizada pelo Estado Islâmico e causou a morte de pelo menos 36 combatentes do grupo radical Estado Islâmico.

A bomba GBU-43 (Massive Ordnance Air Blast – MOAB), que os Estados Unidos lançaram na quinta-feira no Afeganistão, pesa 9,5 toneladas, das quais 8,4 são explosivos, e tem um raio de ação com um diâmetro de 1,4 quilómetros.

Conhecida como “a mãe de todas as bombas”, foi desenvolvida para o Exército norte-americano por Albert L. Weimorts Jr., entretanto falecido, e começou a ser fabricada em 2001 no Laboratório de Investigação da Força Aérea.

O Governo afegão afirmou na quinta-feira que estava em contacto com os Estados Unidos e foi informado do lançamento em Nangarhar, no leste do país, de uma bomba GBU-43, encontrando-se a avaliar o resultado do bombardeamento.

O bombardeamento foi executado na quinta-feira às 19:32 locais (16:02 de Lisboa).

O assessor de imprensa da Casa Branca, Sean Spicer, disse que o objetivo era acabar com um “sistema de túneis” do grupo radical autoproclamado Estado Islâmico, que permitia aos seus milicianos “mover-se com liberdade e atacar com mais facilidade os militares norte-americanos e as forças afegãs”.

Uma das primeiras vozes ouvidas contra esta ação militar foi a do ex-Presidente afegão Hamid Karzai.

“Nós temos de ser mais duros, e de forma veemente condeno o lançamento da última arma, a maior bomba não-nuclear, no Afeganistão, pelos EUA”, escreveu Karzai, na rede social Twitter.

A bomba foi lançada na quinta-feira pela primeira vez em combate, uma vez que até agora apenas foi sujeita a testes, o primeiro dos quais em 2003 na Base da Força Aérea Englin, na Flórida. Outro teste foi realizado a 21 de novembro do mesmo ano.

Uma das principais características desta bomba, a capacidade de atingir grandes profundidades e destruir construções, como túneis, esteve na origem da escolha.

A bomba GBU-43 consegue atingir túneis com grande precisão, tendo sido esta a razão da sua escolha, já que, segundo o general John W. Nicholson, comandante das forças norte-americanas no Afeganistão, os jihadistas têm estado a trabalhar em defesas subterrâneas em ‘bunkers’.

Esta bomba não nuclear é considerada a segunda mais poderosa, só ultrapassada pelo artefacto explosivo russo FOAB, conhecido como “o pai de todas as bombas”.

[Notícia atualizada às 12h31]