Serão necessários mais estudos antes que o teste, chamado CancerSEEK, se possa tornar amplamente disponível por um custo projetado de cerca de 500 dólares (cerca de 409 euros), disse o estudo publicado na revista científica americana Science esta quinta-feira.

O estudo, liderado por investigadores da Universidade Johns Hopkins, envolveu 1.005 pacientes cujos cancros - já pré-diagnosticados com base nos seus sintomas - foram detetados com uma taxa de precisão total de cerca de 70%.

Os cancros foram detetados nos ovários, fígado, estômago, pâncreas, esófago, cólon ou reto, pulmão e mama.

Para cinco desses tipos de cancro - ovário, fígado, estômago, pâncreas e esófago - não há exames de rastreio disponíveis para pessoas de risco médio. O exame foi capaz de detetar esses cinco tipos com uma faixa de sensibilidade de 69% a 98%.Para além disso, em 83% dos casos, o exame foi capaz de delimitar onde o cancro estava anatomicamente localizado.

O teste é não invasivo e é baseado na análise combinada de mutações de ADN em 16 genes de cancro, bem como dos níveis de 10 biomarcadores de proteínas circulantes.

"O objetivo final do CancerSEEK é detetar o cancro antecipadamente - antes que a doença seja sintomática", afirmou o estudo.

Especialistas de fora do estudo disseram que é necessário que haja mais investigações para descobrir a verdadeira precisão do teste e se este seria capaz de detetar cancros antes do aparecimento de sintomas.

"Parece promissor, mas com várias ressalvas, e uma quantidade significativa de investigação adicional é necessária", disse Mangesh Thorat, vice-diretor da Unidade de Ensaios Clínicos Barts da Universidade Queen Mary de Londres.

"A sensibilidade do teste no cancro de estágio I é bastante baixa, cerca de 40%, e mesmo nos estádios I e II combinados parece ser em torno de 60%. Portanto, o exame ainda vai deixar escapar uma grande proporção de cancros no estágio em que nós queremos diagnosticá-los".

Nicholas Turner, professor de oncologia molecular no Institute of Cancer Research, em Londres, apontou que a taxa de falso positivo de 1% do teste pode parecer baixa, mas "poderia ser uma preocupação significativa para o rastreamento da população. Poderia haver muitas pessoas que são informadas que têm cancro que talvez não tenham".

No entanto, Turner descreveu o artigo como "um passo ao longo do caminho para um possível exame de sangue para detetar tumores, e os dados apresentados são convincentes a partir de uma perspectiva técnica sobre o exame de sangue".

Muitos outros esforços estão em andamento para desenvolver exames de sangue para o cancro.

"Eu não acho que esse novo teste realmente tenha movido o campo da deteção precoce muito para a frente", disse Paul Pharoah, professor de epidemiologia do câncer na Universidade de Cambridge.

"Continua sendo uma tecnologia promissora, mas que ainda deve ser comprovada".