O terreno fica nas proximidades do campo de jogos João Paulo II e da rotunda sul, conhecida por rotunda dos Pastorinhos, e foi o local escolhido para criar aquele que é o único parque de campismo oficial, onde a autarquia instalou casas de banho, duches e pontos de água.

À agência Lusa, alguns peregrinos explicaram que, em anos anteriores, costumavam acampar em parques do santuário que, neste ano, estão reservados para o parqueamento de autocarros e outros fins.

Segundo a porta-voz do Santuário de Fátima, a opção por interditar o campismo nesses parques foi da responsabilidade desta entidade, mas também do município e das forças de segurança, e prende-se com questões de segurança, já que um milhão de fiéis surge como número apontado para esta peregrinação.

Para Jorge Coimbra, peregrinar a Fátima com a família de 16 pessoas só pode acontecer optando pelo campismo, já que fica “extremamente caro” dormirem num hotel ou numa pensão.

Decidiram pedir informações antecipadamente, por ‘email’, sobre o parque de campismo, tendo-lhes sido explicado “bem onde era”.

Jorge Coimbra elogia a segurança, indicando que “passam permanentemente” elementos a cavalo da GNR.

No entanto, disse ter dúvidas sobre a capacidade do parque, não acreditando que consiga acolher todas as pessoas que habitualmente escolhem acampar.

Já para Alberto Ferreira, que vem com mais nove familiares e que chegou na segunda-feira para garantir lugar para montar todas as tendas, “há muitos parques” que “podem não estar bem, bem preparados, mas têm o mínimo de qualidade”.

“A gente já sabe que isto é uma coisa que não se pode fazer de um dia para o outro, mas podia haver, ao nível de estratégia e de logística, mais organização”, defende o peregrino.

Critica, por outro lado, que tenham optado por impedir o campismo onde habitualmente os peregrinos ficavam.

“Têm os parques lá em baixo fechados, onde há cantos que estão reservados para os autocarros, mas a parte de cima, debaixo das árvores, os autocarros não vão para lá. Seria bom que metessem lá as pessoas e depois de estar aquilo cheio deviam mandar as pessoas para esta distância”, defendeu, referindo-se aos 1,7 quilómetros que distam entre o parque de campismo e o santuário.

Admite ainda que ficou triste por este ano ficar mais longe, ressalvando que este é o quarto papa que vê “ao vivo”.

A cerca de um quilómetro de distância do parque de campismo, na avenida João XXIII, num terreno à beira da estrada, várias tendas, automóveis e autocaravanas começam a ocupar o espaço livre. Uns dizem que o terreno é privado, os moradores da única habitação garantem que pertence ao santuário.

Um dos campistas é José Manuel Teixeira, que está em Fátima com a mulher e mais três casais, da zona de Peso da Régua, numa comitiva que deverá aumentar para 20 pessoas lá para sexta-feira.

“Nós já vimos cá há uns poucos de anos seguidos e temos ficado sempre ali no parque 12. Este ano andaram para aí a inventar, a fechar tudo para reservar para os autocarros. O que nos valeu foi este senhor deixar-nos aqui acampar”, adianta, referindo-se à pessoa que habita a casa térrea.

Diz desconhecer a existência do parque de campismo “oficial” e garante que não viu informação nenhuma, nem ninguém lhe disse nada.

“Isto não é nada. Os autocarros vêm quando querem e têm lugar reservado e nós tivemos de vir quase oito dias antes, chegamos aqui e encontramos tudo vedado”, contesta.

O mesmo conta à Lusa Gracinda Pereira, que vem a Fátima em peregrinação há 25 anos, e que está a acampar com o marido enquanto esperam pelos dois filhos e pela nora.

Chegados ao parque onde habitualmente acampavam e confrontados com a proibição de aí ficarem, ainda ponderaram nem tirar as tendas do carro e ir embora, quando viram naquele terreno uma possibilidade.

“Nem a GNR, nem nada, não veio nenhuma autoridade dizer nada”, critica Gracinda.

O presidente da Câmara Municipal de Ourém, por seu lado, apelida as críticas de “absurdas” e “sem sentido”, defendendo que quem peregrina a Fátima tem de organizar-se e procurar informação antes. Paulo Fonseca garante que qualquer militar da GNR, bombeiros ou elemento da proteção civil sabe indicar a localização do parque de campismo.

Desvaloriza, por isso, a necessidade de sinalética a indicar o parque, lembrando que foram distribuídos mapas e que foi criada uma linha telefónica e um ‘email’ para esclarecimento de dúvidas.

“Mas, se for preciso, no próximo ano, coloco um néon a acender e a apagar a indicar o parque de campismo”, disse Paulo Fonseca, lembrando que a criação do parque de campismo “foi um esforço que não existe no ano inteiro”.

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