Os dados são da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género e ainda da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, que o Jornal de Notícias teve acesso e revela esta segunda-feira.

De acordo com a peça hoje revelada, a CIG "nunca recebeu tantas queixas de discriminação como nos últimos dois anos e a APAV bateu recordes de pedidos de apoio para situações de discriminação e incitamento ao ódio e à violência, sendo “a nacionalidade brasileira a mais discriminada”.

"No ano passado, o Ministério Público instaurou 262 inquéritos por crimes de ódio, números que aumentam desde 2019. Segundo as autoridades, este tipo de criminalidade cresceu 38% em 2023, com 347 delitos naquele ano. A associação SOS Racismo alerta também para a subida do número de mortes", lê-se.

Os cidadão brasileiros são aqueles que mais queixas apresentam e Bruno Andrade, jornalista e comentador de televisão, conta a sua versão. “Sempre fui ameaçado, mas antes recebia mensagens privadas, agora são ataques públicos. As pessoas perderam a vergonha de serem xenófobas e racistas”. Admite que já se sentiu mais seguro cá e pondera voltar a viver no Brasil. O brasileiro de dupla nacionalidade equacionou apresentar queixa, mas nunca o fez por entender que é uma “perda de tempo”.

De acordo com as revelações feitas ao JN, também a gestora da Rede de Apoio à Vítima Migrante e de Discriminação da APAV, Joana Menezes, indica que, entre as situações reportadas, “a nacionalidade brasileira é a mais frequentemente discriminada”.

Em 2023, a associação registou 13 contraordenações relacionadas com discriminação e 11 situações de crimes raciais, sendo “a nacionalidade o fator que mais frequentemente está na base da discriminação, seguindo-se situações relacionadas com a cor da pele”.

“É frequente ouvirem, de forma muito clara, que não se alugam casas a estrangeiros ou a brasileiros. Tivemos uma situação de um casal homossexual e brasileiro que sentiu discriminação na visita a uma casa pelo agente imobiliário”, diz Joana Menezes.