“O Bloco de Esquerda é a expressão do que o mais deploro na política. Pela forma leviana como dizem uma coisa e o seu contrário e acham que a reboque disso conseguem enganar toda a gente”, afirmou Nuno Melo, durante uma ação de campanha para as europeias, no mercado das Caldas da Rainha, distrito de Leiria, um dia depois de Portas ter discursado em seu apoio num jantar-comício do CDS em Cascais, Lisboa.

Na terça-feira, em Braga, a coordenadora do BE, Catarina Martins, sublinhou a prevista participação do antigo vice-primeiro-ministro no governo anterior, PSD/CDS-PP, com uma referência implícita à investigação da compra dos submarinos, decidida quando o ex-líder era ministro da Defesa: "Paulo Portas emerge também esta noite [terça-feira], qual submarino, do seu mundo de negócios. Fez uma pausa da Mota Engil para aparecer na campanha do CDS."

A resposta de Nuno Melo foi em tom crítico, dizendo que o BE tem a “particularidade muito interessante” de dizer “uma coisa e o seu contrário, sempre com o mesmo sorriso, à espera de enganar todos”,, e apontou as contradições entre Catarina Martins e Marisa Matias, candidata europeia do Bloco, a propósito de uma eventual saída do euro.

Ou ainda quando Marisa Matias evitou comentar “o caso da constituição de arguido de uma pessoa ligada ao Governo” atual, com quem o BE tem um acordo de apoio parlamentar, e “depois se permite essa a alarvidade de quem traz a suspeição miserável sobre quem [Paulo Portas] nunca sequer foi constituído arguido fosse do que fosse”.

A pergunta seguinte era sobre se, face às críticas, Paulo Portas foi ou não um trunfo na campanha do CDS. Nuno Melo não respondeu de forma direta e apontou ao ex-líder dos bloquistas, Francisco Louçã, que participou há dias numa ação de campanha do BE.

“O que me preocupa é a aparição de Francisco Louçã, que nos ajuda a revisitar o PREC [Processo Revolucionário em Curso, em 1974-75], as nacionalizações, a Reforma Agrária”, disse Melo, para a seguir dizer que, “provando o poder, numa extrema-esquerda que é chique e é caviar, acabou conselheiro do Banco de Portugal”.

“Isto diz tudo. É extraordinário crescer na política a combater o capital e depois ser-se entronizado na sua defesa”, numa instituição que é a “caracterização máxima desse capital”, o Banco de Portugal.

Nuno Melo citou ainda o caso do ex-vereador bloquista na Câmara de Lisboa Ricardo Robles, o “rei do combate à gentrificação”, que comprou um prédio na capital, por “trezentos e poucos mil euros” e que poderia valer “cinco vírgula tal milhões” se fosse vendido.

Em dia dedicado à segurança, a candidatura europeia do CDS agendou, para meio da tarde, uma visita à esquadra da PSP de Rio de Mouro, em Sintra, distrito de Lisboa.

O eurodeputado recordou o seu trabalho como eurodeputado nesta área, criticou a falta de apoio do Governo socialista às forças policiais e recusou que esta agenda da segurança possa ser confundida com as teses de partidos mais à direita, como o PNR ou o Chega.

“Com esse lado, nada temos a ver, somos o lado direito da moderação, não somos nada da intolerância”, disse.

Na arruada na Caldas da Rainha, a caravana de Melo cruzou-se com a campanha do Aliança e com o seu cabeça de lista, Paulo Sande.

Os dois deram um abraço, falou-se de Pedro Santana Lopes, o líder do Aliança, que teve um desastre automóvel com Paulo Sande e ainda está a recuperar, desejaram boa sorte para os dias de campanha que restam e para as eleições europeias de domingo.