Um gesto simbólico, num momento em que o nacionalismo birmanês suscita muitas críticas internacionais pela situação dos mais de 400 mil rohingyas que fugiram para o Bangladesh depois de deixarem o estado de Rakhine, no oeste de Mianmar.

O discurso de Suu Kyi, previsto para 10h00 (hora local), cria grande expectativa porque permitirá verificar se a Prémio Nobel da Paz mantém o apoio inabalável ao exército, acusado de cometer todo tipo de atrocidade nas suas investidas contra esta minoria.

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Até o momento, a líder birmanesa, que fez as suas únicas declarações públicas sobre os rohingyas através do seu serviço de imprensa e numa entrevista para uma televisão indiana, pediu ao exército que atuasse com moderação e poupasse a vida dos civis.

Contudo, parece improvável que o seu discurso de terça-feira seja inspirado naquele proferido no ano passado na Assembleia Geral da ONU, quando prometeu defender os direitos dessa minoria muçulmana, considerada uma das mais perseguidas do mundo.

Todos com Suu Kyi

Desde o início da crise, a maioria dos birmaneses apoia o governo e os militares.

"Estamos com a nossa Conselheira de Estado" (título oficial de Suu Kyi), era a manchete deste fim de semana do jornal oficial New Light of Myanmar, com uma foto de membros da diáspora birmanesa a protestar em Londres a favor da líder.

Outras fotos, incluindo algumas em que manifestantes queimavam retratos desta em países muçulmanos, inflamaram as redes sociais em Mianmar, país onde mais de 90% da população é budista e onde os muçulmanos são vistos como uma ameaça para identidade nacional.

Mayzin Aye, uma empresária birmanesa favorável a Suu Kyi, refletiu a opinião de muitos no seu país quando se dirigiu à comunidade internacional através do Facebook. "Ela não é a vossa líder, é a NOSSA líder", escreveu. "Tem milhões de filhas, filhos e irmãs que a apoiam 100%", acrescentou.

Suu Kyi, filha do pai da independência de Mianmar e figura icónica no seu país, denunciou o "iceberg de informações" divulgadas pelos órgãos de comunicação social internacionais sobre a crise, e prometeu dizer a "sua" verdade na terça-feira.

O seu discurso também permitirá que apareça como a líder do país, enquanto, nas sombras, o chefe do exército, o general Min Aung Hlaing, desempenha um papel fundamental na situação atual.

Os militares continuam a ter enormes poderes e grande influência no país asiático, apesar da dissolução em 2011 da junta militar que inflamou o medo pela islamização em Mianmar durante as décadas que passou no poder.

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