Uma grande multidão reuniu-se na mesquita da localidade onde Nahel vivia e seguiu para o cemitério de Mont-Valérien para o funeral.
"Que descanse em paz, que a justiça seja feita. Eu vim para apoiar a mãe. Ela não tinha ninguém além dele", disse à AFP uma mulher que não quis se identificar.
Mounia, a mãe da vítima, disse ao canal France 5 que não culpa a polícia, mas apenas o polícia que tirou a vida de seu filho.

A justiça decretou prisão preventiva por homicídio doloso para o agente de 38 anos, autor do disparo que, segundo o advogado, pediu "perdão à família" de Nahel.

A morte de Nahel M. deu origem a quatro noites de tumultos em toda a França. Segundo as autoridades, na madrugada de sábado, 1.350 veículos foram incendiados ou danificados, assim como 1.234 edifícios, além da ocorrência de 2.560 incêndios na via pública. 79 polícias e gendarmes ficaram feridos.

Os protestos obrigaram inclusive a alterações na agenda diplomática, levando o presidente Emmanuel Macron a adiar uma visita à Alemanha para uma cimeira entre as duas principais potências da União Europeia (UE).

"O presidente francês [...] falou hoje ao telefone com o presidente alemão [Frank-Walter] Steinmeier e informou sobre a situação em está o país", disse a presidência alemã num comunicado, acrescentando que "o presidente Macron pediu para adiar a visita de Estado à Alemanha".

A morte de Nahel, cuja família é originária da Argélia, agitou o debate sobre a violência policial na França. Em 2022, 13 pessoas morreram em circunstâncias parecidas no país, episódios que geraram críticas às autoridades, percecionadas como racistas por parte da população.

O Executivo francês organizou uma nova reunião do gabinete de crise neste sábado e a primeira-ministra, Elisabeth Borne, pediu aos ministros que permaneçam em Paris no fim de semana.