A sobrevivência do CDS-PP depende de uma reestruturação da dívida que pode incluir uma mudança de sede, notícia esta sexta-feira o Expresso na edição em papel.

"Não vejo solução que não passe por sair dali", disse um antigo responsável pela gestão do partido ao semanário. "A sede é grande demais, já devíamos ter saído", disse outro.

Situada no número 5 do Largo Adelino Amaro da Costa, também conhecido como Largo do Caldas, a histórica sede dos centristas vive em plena baixa lisboeta com a Sé de um lado e a Praça da Figueira do outro, a não muitos metros pela rua da Madalena.

O edifício de vários andares, dois anexos e um pátio é propriedade do Patriarcado de Lisboa, que ao longo dos anos tem tido várias propostas para o vender. No entanto, o 'Caldas', assim conhecida a sede, vive entre uma realidade triangular, isto porque a Câmara Municipal de Lisboa forçou a realização de obras no edifício, tendo-as pago. Assim, estabeleceu-se um acordo em que o CDS passou a pagar uma renda de cerca 1.200 euros à autarquia. Um novo acordo ajudaria não só a resolver este triângulo financeiro, como poderia ajudar resolver as contas do partido.

Segundo Expresso, o CDS tem atualmente uma dívida de 700 mil euros. Os rendimentos do partido desceram abruptamente. Tendo conseguido manter a subvenção partidária, fruto dos quase 87 mil votos, os centristas viram o valor mensal pago ser reduzido dos 70 mil euros atuais para 20 mil euros.

"Não dá para pagar líder. secretário-geral, nem chefe de gabinete", dizem.

Sair do 'Caldas' não deverá ser uma decisão isolada com várias sedes que são património do partido a poderem ser protagonistas de vários negócios.

Temos de honrar os nossos compromissos, mesmo que para isso tenhamos de vender as sedes espalhadas pelo país, entre as quais se contam uma no Porto e outra em Gaia", diz Raul Almeida, antigo deputado eleito pelo círculo de Aveiro.

Nas eleições de dia 30 de janeiro o CDS não elegeu nenhum deputado, perdendo os cinco eleitos em 2019 e a representação parlamentar. Na sequência dos resultados, o presidente Francisco Rodrigues dos Santos pediu a demissão e não irá recandidatar-se.

Já o eurodeputado do partido, Nuno Melo, anunciou que será candidato à liderança se conseguir garantir "condições institucionais" para "um caminho novo, unificador, mobilizador e respeitador".

O CDS-PP já teve um congresso para disputa da liderança agendado para novembro, mas acabou por ser cancelado.