O Bloco acredita que o cenário com que se apresenta às eleições autárquicas de domingo é bem diferente de 2013 - quando o partido perdeu a única autarquia que liderava, ficou reduzido a oito vereadores e apenas 2,42% dos votos - e o partido mostrou-o na campanha que termina sexta-feira.

A coordenadora do BE, Catarina Martins, traçou cedo os objetivos eleitorais: dar um salto, mudar o mapa autárquico e ser determinante em cada um dos concelhos a que concorre - 131 sozinho e coligado apenas no Funchal - para fazer nas autarquias o que tem conseguido no país, com "a força" que os bloquistas têm na atual solução governativa.

A caravana bloquista andou durante o período oficial de campanha pelos distritos mais populosos do país, mas o discurso ficou sempre bem longe do furto de armas de Tancos, polémica que aqueceu a troca de acusações entre a direita e o PS desde a manchete do Expresso do último sábado.

Catarina Martins preferiu apontar a arma às "trágicas" maiorias absolutas - abrindo a porta a novas geringonças autárquicas - tendo, no comício de Almada, tido a ajuda da candidata e deputada Joana Mortágua, que citou uma entrevista do líder comunista nas legislativas de 2015, quando este disse que as maiorias absolutas eram cheques em branco, mas que como "em casa de ferreiro, espeto de pau", agora as pede para este concelho da margem sul.

Porém foi na Marinha Grande, com o tiro ao silêncio cúmplice dos autarcas perante as maldades da ‘troika', que as relações com o parceiro de geringonça ficaram tensas, declarações que levaram a uma reação violenta de Jerónimo de Sousa, que falou mesmo em ignorância.

A coordenadora bloquista respondeu apenas que o "BE não ataca o PCP" e o prosseguiu a campanha porque a aposta por estes dias era "não deixar ninguém para trás", com temas autárquicos para incluir todos os dias na campanha e ainda mais recados, avisos e exigências para o Governo socialista porque é preciso "fazer o que ainda não feito", sobretudo no Orçamento do Estado para 2018, cuja negociação corria em paralelo.

Mas se agenda foi sempre a correr, percorrendo Portugal de Norte a Sul do país para ir várias vezes a Lisboa e ao Porto - grandes cidades onde o partido aposta em chegar finalmente aos lugares de vereação com Ricardo Robles e João Teixeira Lopes-, nas feiras, mercados ou arruadas, Catarina Martins tinha sempre tempo para falar com os muitos que a abordavam.

Apesar de todos os fundadores vivos terem entrado na campanha, o BE é agora "o partido da Catarina" e todos a reconhecem da televisão, elogiando o espírito combativo da bloquista porque eram precisas mais "mulheres como esta", sendo recorrente que cada interação se tivesse transformado numa pequena entrevista sobre pensões, reformas, desemprego, prestações sociais ou dificuldades no acesso à saúde.

Transparência, habitação e transportes públicos e de qualidade são as grandes prioridades autárquicas do BE para estas eleições, que para lá de conquistar vereadores em muitas cidades, Catarina Martins assumiu o objetivo de reconquistar a presidência de Salvaterra de Magos e ser a surpresa em Torres Novas, com a ex-deputada e vereadora Helena Pinto a chegar à liderança dos torrejanos.

A campanha foi participada, com almoços e jantares de dimensões bem superiores a antigas campanhas, mas "quem decide são os eleitores" e Catarina Martins aguarda pelos resultados de domingo para saber se vai poder fazer nas autarquias aquilo que diz ter conseguido no país.