Falando num jantar comício na ilha do Faial, Açores, no âmbito da pré-campanha para as eleições legislativas regionais de 16 de outubro, Jerónimo de Sousa deixou o aviso de que o PCP não irá aprovar propostas que possam contrariar os interesses do povo e do país.

"Tudo o que vier para os trabalhadores, para o nosso povo e para o país, é bom. Tudo aquilo que contrariar esses interesses do povo e do país, não contam com o PCP, porque o nosso primeiro e principal compromisso é com os trabalhadores e com o povo, e não o Governo do PS", insistiu o secretário-geral comunista.

Jerónimo de Sousa alertou também os eleitores açorianos, que vão escolher a composição do parlamento dos Açores, para que não façam "confusão" com o que se passa a nível nacional, garantindo que apesar de apoiar um Governo do PS, o PCP mantêm a sua "independência política". O dirigente comunista, recordou que, tal como aconteceu nas eleições para a Assembleia da República, será a futura composição do Parlamento dos Açores que irá ditar quem vai governar.

"Do que se trata aqui é de eleger deputados para a Assembleia Legislativa Regional. E é mediante essa correlação de forças que se determinam as soluções políticas e as medidas a encetar pela Assembleia e pelo próprio Governo", sublinhou o secretário-geral do PCP.

Jerónimo de Sousa defendeu a necessidade dos açorianos reforçarem o papel do PCP no Parlamento Regional, onde está representado por apenas um deputado, e de, ao mesmo tempo, retirarem a maioria absoluta do PS, que governa a região há 20 anos consecutivos.

"O PS tem sido um grande obstáculo ao desenvolvimento do Faial"

Também Aníbal Pires, deputado do PCP na Assembleia Legislativa Regional, se queixou da maioria absoluta socialista, que no seu entender tem impedido o Governo de dialogar e a Região de ter melhores políticas. "É assim essencial derrubar esta maioria absoluta do PS, que lhe tem permitido decidir sozinho e em função dos seus próprios interesses político-eleitorais, o que diz respeito a todo o povo açoriano", insistiu Aníbal Pires.

No seu entender, a política do "quero, posso e mando", tem levado a que fossem adiados alguns investimentos essenciais no arquipélago, e em especial na ilha do Faial, que os comunistas entendem que foi "marginalizada" pelos socialistas.

"O PS tem sido um grande obstáculo ao desenvolvimento do Faial", recordou Aníbal Pires, que fez um apelo à mobilização do povo do Faial para que volte a dar o seu apoio ao PCP.

O círculo eleitoral do Faial elege quatro dos 57 deputados à Assembleia Legislativa dos Açores, tradicionalmente divididos entre os dois maiores partidos (PS e PSD), exceção feita ao mandato 2000/2004, em que elegeu um deputado do PCP, o então líder regional do partido, José Decq Mota.