
"Estou feliz e aliviada, ao confirmar que 101 civis foram retirados, de forma bem-sucedida, da fábrica metalúrgica Azovstal, em Mariupol", afirmou a coordenadora humanitária das Nações Unidas para a Ucrânia, Osnat Lubrani, citada em comunicado.
Em Zaporizhzhya, destino do comboio, os jornalistas da AFP viram pelo menos cinco autocarros a chegar a um centro de receção.
No Twitter, Lubrani publicou uma fotografia sua em frente a um comboio de mais de dez autocarros parados numa estrada.
"As pessoas, com as quais eu viajei, contaram-me algumas histórias terríveis sobre o inferno em que viveram. Penso em todas aquelas que continuam presas. Faremos o que pudermos para ajudá-las", escreveu.
A ONU indicou que esta operação de retirada começou na sexta-feira passada, após as recentes visitas do secretário-geral da ONU, António Guterres, a Moscovo e a Kiev.
Segundo Lubrani, 58 pessoas juntaram-se ao comboio procedente de Mangush, um subúrbio de Mariupol, e 127 foram escoltadas para Zaporizhzhya, 230 quilómetros a noroeste, num território controlado pelas forças ucranianas.
Outras pessoas decidiram não viajar para Zaporizhzhya com o comboio, disse Lubrani. Os resgatados “recebem uma primeira ajuda humanitária, sobretudo, cuidados de saúde e atenção psicológica”, explicou.
Cerca de 80 civis, segundo a Rússia, ou "100", de acordo com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, foram retirados de Azovstal no domingo.
Este grande complexo siderúrgico é o último reduto de resistência das forças ucranianas em Mariupol, uma cidade portuária no sudeste da Ucrânia quase completamente controlada pelos russos.
Entretanto, vários milhares de pessoas ficaram a meio do caminho da cidade de Zaporijia (sul), para onde estão a ser levados os civis retirados de Mariupol.
De acordo com o presidente da câmara daquela cidade portuária, Vadym Boychenko, as tropas russas estão a impedir cerca de 2.000 civis, que saíram de Mariupol, de chegarem a Zaporijia.
“Esperávamos que hoje a retirada ocorresse perto de Berdyansk. Mas as tropas russas estão a impedir os nossos planos e não permitem que os nossos cidadãos cheguem a Zaporijia”, disse o autarca, citado pela agência de notícias ucraniana Ukrinform.
Em Mariupol, as últimas tropas ucranianas têm continuado a resistir no grande complexo de Azovstal, onde também permanecem grupos de civis à espera de serem retirados.
Também nesta terça-feira, o Exército russo lançou um "potente ataque" com o apoio de tanques e de infantaria, contra a fábrica siderúrgica de Azovstal, informou o subcomandante do Batalhão de combate de Azovstal, Sviatoslav Palamar, numa mensagem de vídeo divulgada no Telegram.
"Um potente ataque na área de Azovstal está a ser lançado atualmente, com apoio de blindados e tanques e tentativas de desembarque de tropas apoiadas por dois navios e efetivos de infantaria", completou.
As autoridades russas disseram, contudo, que "artilharia e aviões" estão a ser usados para destruir as "posições de tiro" dos combatentes ucranianos que deixaram a fábrica.
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