Depois de o líder da Coreia do norte, Kim Jong-Un, ter manifestado "grande satisfação por possuir outro poderoso meio de ataque nuclear que soma ao grande poderio do país", segundo noticiou a agência estatal KCNA, a ONU respondeu hoje pela voz do seu secretário-geral, António Guterres. "A liderança da Coreia do Norte deve regressar ao pleno cumprimento de suas obrigações internacionais e ao caminho rumo à desnuclearização", reagiu António Guterres, num comunicado."A comunidade internacional deve continuar a lidar com esta situação de maneira unida", acrescentou.

A China e a Rússia, membros permanentes do Conselho de Segurança, juntaram a sua voz às condenações internacionais contra este novo teste.

Conforme as resoluções da ONU, a Coreia do Norte não pode utilizar a tecnologia de mísseis balísticos. Apesar disso, e depois de seis pacotes consecutivos de sanções impostas pela ONU desde o primeiro teste nuclear norte-coreano em 2006, não foram suficientes para dissuadir Pyongyang de seguir em frente com seu programa.

Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão dispõem dos meios necessários para eventualmente interceptar mísseis balísticos norte-coreanos similares ao que foi testado no domingo por Pyongyang, assinalou nesta segunda-feira o porta-voz do Pentágono, Jeff Davis."Temos um sistema integrado que utilizamos com nossos aliados, que pode defender o território americano, o Alasca e também (...) o Japão e a Coreia do Sul", assinalou.

O míssil foi disparado de uma base aérea na província ocidental norte-coreana de Pyongyang do Norte e se dirigiu para leste, antes de cair no Mar do Japão, indicou no domingo o Ministério sul-coreano da Defesa. Percorreu 500 quilómetros antes de cair no mar. Foi o primeiro teste deste tipo desde outubro passado. Em 2016, a Coreia do Norte realizou dois testes nucleares e lançou vinte mísseis.

Fotografias divulgadas pela KCNA mostram o míssil a ganhar altitude e Kim Jong-Un a acompanhar com um sorriso o acontecimento, também festejado por dezenas de soldados e cientistas norte-coreanos.

O líder norte-coreano "dirigiu pessoalmente os preparativos" para o lançamento de domingo, avançou a KCNA. Disse que o teste foi realizado "levando em conta a segurança dos países vizinhos". "Um míssil terra-terra de médio a longo alcance Pukguksong-2 foi testado com sucesso no domingo", indicou nesta segunda a agência KCNA, que descreveu o lançamento como o ensaio de um "sistema de armamento estratégico de um novo tipo ao estilo coreano".

O motor deste míssil tem de ser combustível sólido, acrescentou a KCNA, o que diminui consideravelmente o tempo de abastecimento comparado com os mísseis alimentados por combustível líquido, disse Yun Duk-Min, analista no Instituto de Relações Exteriores e de Segurança de Seul.

Estes mísseis são mais difíceis de detectar antes de seu lançamento pelos satélites de vigilância, explicou. "Isso deixa pouco tempo de pré-aviso e representa uma maior ameaça ao adversário".

É a primeira vez que a Coreia do Norte menciona o míssil Pukguksong-2. Em agosto passado, Pyongyang tinha, no entanto, informado sobre o teste de um míssil Pukguksong-1 (que significa "estrela do norte") a partir de um submarino e garantiu que o foguete colocava o continente americano ao seu alcance.

Uma provocação?

O lançamento de míssil foi interpretado como um desafio a Trump, que até o momento se limitou a reafirmar seu apoio "em 100%" ao Japão, um aliado fundamental de Washington na região."Parece que o lançamento estava destinado a chamar a atenção através do desenvolvimento das capacidades nucleares e de mísseis" da Coreia do Norte, comentou o ministério da Defesa sul-coreano. "Também acreditamos que se trata de uma provocação armada para testar a resposta do novo governo americano sob a presidência de Trump".

O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, cujo país está ao alcance de um disparo de míssil norte-coreano, considerou "absolutamente intolerável" o teste de domingo numa conferência de imprensa improvisada junto com Trump.

Quando a Coreia do Norte fez o disparo, Trump e Abe estavam em Mar-a-Lago, o hotel de luxo que pertence ao presidente americano na Flórida e que foi convertido na "Casa Branca de inverno" pelo mandatário, que o usa como residência secundária de descanso e trabalho.

Trump pressionou a China, o principal aliado e parceiro comercial da Coreia do Norte, para fazer o máximo para controlar o seu país vizinho.

Em Tóquio, o porta-voz do governo, Yoshihide Suga, disse que a China desempenha um papel "extremamente importante" e pediu "medidas construtivas".O porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês, Geng Shuang, disse que se opunha a testes nucleares que violam resoluções da ONU.

A Rússia, por sua vez, afirmou que se tratava de uma "demonstração de desprezo pelas resoluções do Conselho de Segurança da ONU."