“Esta operação tem imensos elementos de custos. O custo fixo imediato é de cerca de dois milhões de dólares mensais”, declarou João Carlos Pó Jorge, a bordo do Boeing 777 que partiu na terça-feira de Lisboa com quase 200 passageiros e aterrou hoje no Aeroporto Internacional de Maputo, no primeiro voo da companhia no regresso ao espaço aéreo europeu.

O Boeing 777 de 302 lugares, resultante de uma parceria com a operadora portuguesa EuroAtlantic, vai ligar as duas capitais três vezes por semana, com preços promocionais a partir de 25 mil meticais (368 euros) na classe económica.

“Queremos dar um serviço muito moçambicano. Queremos que o passageiro embarque em Lisboa e se sinta já em Moçambique, com a refeição, pratos e produtos moçambicanos e, obviamente, a hospitalidade de Moçambique”, declarou o diretor-geral da companhia.

A rota Maputo-Lisboa, abandonada pela companhia há quase 12 anos, faz parte do plano de revitalização da operadora, depois de a empresa sul-africana Fly Modern Ark (FMA) ter entrado na gestão da LAM em abril deste ano para o processo de restruturação.

“O processo de restruturação é obviamente longo e os resultados não se sentem de imediato. Este primeiro voo é um exemplo. O voo não vai dar rendimentos amanhã e nem para a semana (…) Mas nós estamos no caminho certo”, declarou o diretor geral da companhia.

A adoção de preços promocionais na primeira fase da operação, anunciada em outubro, fez com que a companhia vendesse, até agora, cerca de 12 mil bilhetes para viagens entre Maputo e Lisboa, passagens que cobrem o período entre 12 de dezembro e outubro de 2024.

“Eu comprei o bilhete faltando 24 horas para o voo e, mesmo assim, o preço foi consideravelmente justo. Agora está tudo mais facilitado para nós”, observou à Lusa Danila Patel, que viaja com frequência entre as duas capitais e que esteve entre as quase de 200 pessoas que embarcaram no voo inaugural.

“Para nós, em Moçambique, viajar para Lisboa era muito difícil, seja pelos custos. Há muita gente que não conseguia pagar passagens de 1.600 euros. Acabávamos por ser obrigados a fazer escalas, que são desgastantes. Agora as coisas estão melhor”, declarou à Lusa Winety Tomás, outra passageira que esteve no primeiro voo.

Embora sob restruturação, além de Lisboa, a LAM tem também os olhos em outros mercados, entre os quais Brasil, Emirados Árabes e Índia.

Quatro meses após a implementação de um conjunto de intervenções, segundo a própria companhia, a transportadora foi estabilizada e reposicionada.

Além da rota Maputo-Lisboa, a companhia de bandeira moçambicana tem em carteira novas rotas que ligam Maputo a diferentes pontos da África do Sul, com destaque para a Cidade do Cabo, que também começou na terça-feira.

A estratégia em curso, de revitalização da empresa, segue-se a anos de problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à ineficiente manutenção das aeronaves.