“Na sequência dos trabalhos de averiguação interna com base nos elementos conhecidos e da sua análise e discussão subsequentes, a Morais Leitão decidiu, em articulação com os próprios, que deixou de se justificar a suspensão solicitada pelos sócios João Tiago Silveira e Rui de Oliveira Neves”, adiantou fonte oficial da sociedade de advogados à Lusa.

De acordo com a informação da Morais Leitão, a sociedade “reafirma o seu compromisso com os mais elevados padrões éticos” e garante que vai continuar a “reforçar e monitorizar as políticas e os procedimentos aplicáveis a toda a organização em matéria de gestão de risco inerente ao exercício de funções externas à Sociedade”, em linha com as melhores práticas internacionais.

A sociedade de advogados Morais Leitão suspendeu a 10 de novembro do ano passado os sócios Rui Oliveira Neves e João Tiago Silveira, ambos arguidos na investigação do Ministério Público (MP) aos negócios do lítio, hidrogénio e ‘data center’ de Sines, três dias após ter sido conhecido o processo que levou à demissão do primeiro-ministro, António Costa, e à queda do Governo.

Na altura, a Morais Leitão criou uma comissão independente para fazer uma “averiguação rigorosa dos factos” relacionados com os dois sócios arguidos na investigação.

Rui Oliveira Neves, administrador da empresa Start Campus, foi detido na operação do MP, tal como o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, o CEO da Start Campus, Afonso Salema, e o consultor Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa.

Já a constituição de João Tiago Silveira como arguido foi conhecida apenas um dia depois.

Além destes nomes são ainda arguidos o ministro das Infraestruturas, João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, e a empresa Start Campus.

O processo está relacionado com a produção de energia a partir de hidrogénio em Sines, Setúbal, e com o projeto de construção de um centro de dados (Data Center) na zona industrial e logística de Sines pela Start Campus.

O primeiro-ministro, António Costa surgiu associado a este caso e foi alvo da abertura de um inquérito no MP junto do Supremo Tribunal de Justiça, situação que o levou a pedir a demissão e o Presidente da República marcou eleições para 10 de março.