A revista Visão noticiou na quinta-feira que o Ministério Público acredita que Diogo Lacerda Machado - um dos detidos para interrogatório no âmbito da Operação Influencer - “exerceu influência” junto do PCP para desbloquear a situação na Câmara Municipal de Sines com vista à construção do centro de dados da Start Campus.

“Rejeitamos por completo essas insinuações, não têm jeito nenhum. É claro que quem faz essas afirmações vai ter de as justificar”, afirmou Paulo Raimundo em declarações aos jornalistas na sede nacional do PCP, em Lisboa.

O secretário-geral comunista considerou que a insinuação é “completamente descabida”, tendo em conta que o PCP tem “um vereador em sete em Sines”.

“Portanto, o PCP tem uma capacidade de influência muito grande, tem uma capacidade de intervenção extraordinária, mas, para além de rejeitar completamente essas insinuações, ela até é um bocadinho contraditória: estamos a falar de uma situação em Sines onde nós temos um vereador em sete”, reforçou.

Questionado se o PCP já recebeu algum pedido de esclarecimento por parte do Ministério Público, Paulo Raimundo respondeu: “Não, não”.

“É como disse: não tem cabimento, nem fundamento, mas cá estaremos para o que der e vier”, frisou.

Paulo Raimundo considerou que não lhe cabe "impor prazos" e sublinhou que "os prazos da justiça são os prazos da justiça", após questionado sobre se considera que a justiça deveria esclarecer o caso envolvendo o primeiro-ministro antes de o país ir a eleições, no dia 10 de março.

"Mas há uma questão que, para nós, é muito evidente: todos os casos são muito importantes, mas casos com esta dimensão e gravidade, precisam de ser não só rapidamente resolvidos, para isto não criar uma situação de lamaçal, e tudo o que seja o esclarecimento que seja possível dar, dentro do prazo da justiça, é útil para todos: para a justiça, para o campo político e para a sociedade em geral", disse.

A Operação Influencer, lançada esta terça-feira pelo Ministério Público, assentou em pelo menos 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas para interrogatório: o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa.

O ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, foram constituídos arguidos.

O processo visa as concessões de exploração de lítio de Montalegre e de Boticas, ambos em Vila Real; um projeto de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines, Setúbal, e o projeto de construção de um ‘data center’ na Zona Industrial e Logística de Sines pela sociedade Start Campus.

Segundo a Procuradoria-Geral da República, podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.