“Eu continuo a colaborar com a Justiça. [Estive] sempre disponível para colaborar com a Justiça desde o primeiro dia”, afirmou Ricardo Salgado aos jornalistas à saída do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), após o primeiro interrogatório judicial, no qual lhe foi aplicada a medida de coação de proibição de se ausentar do país e de contactar com outros arguidos do processo.
Questionado pelos jornalistas sobre se ficou surpreendido com a diligência de hoje, respondeu: “Não deixei de ser surpreendido, mas é claro que é assim. A justiça tem o direito de investigar tudo e nós cá estamos para corresponder”.
Em comunicado enviado à agência Lusa, a Procuradoria-Geral da República (PGR) refere que Ricardo Salgado foi constituído arguido e está indiciado por factos suscetíveis de integrarem os crimes de corrupção, abuso de confiança, tráfico de influência, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada.
O juiz decidiu aplicar ao arguido as medidas de coação de proibição de ausência para o estrangeiro sem prévia autorização e de proibição de contactos com os restantes arguidos da 'Operação Marquês', bem como com algumas pessoas e entidades com ligações ao Grupo Espírito Santo, acrescenta o comunicado.
À saída do Tribunal Central de Instrução Criminal, o advogado de Ricardo Salgado mostrou-se igualmente surpreendido com o envolvimento do seu cliente neste processo.
“Do ponto de vista do que está aqui em causa não nos surpreende estarmos na 'Operação Marquês', porque lemos as notícias. Mas surpreende bastante do ponto de vista dos factos e das provas que o doutor Ricardo Salgado esteja na 'Operação Marquês', porque, efetivamente, como todos têm percebido, as teses da investigação neste processo atropelam-se uma à outra”, afirmou aos jornalistas o seu defensor, Francisco Proença de Carvalho.
A 'Operação Marquês', que tem como principal arguido o ex-primeiro-ministro socialista José Sócrates, conta com "20 arguidos, 15 pessoas singulares e cinco coletivas", segundo a PGR.
Entre os arguidos conta-se também o ex-ministro socialista Armando Vara, o empresário Carlos Santos Silva e o empresário luso-angolano Helder Bataglia.
O ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, foi interrogado hoje por um juiz do TCIC, depois de ter sido ouvido por um procurador do Ministério Público, no âmbito da 'Operação Marquês'.
Após ter interrogado Ricardo Salgado, o procurador do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) "requereu ao juiz do TCIC o interrogatório judicial do arguido tendo em vista a aplicação de medida de coação diversa do termo de identidade e residência", indicou hoje a Procuradoria-Geral da República numa nota enviada à comunicação social.
Carlos Alexandre é o juiz do TCIC encarregado do processo 'Operação Marquês', relacionado com investigações a crimes económico-financeiros.
Dois anos após o início da investigação, que a 20 de novembro de 2014 fez as primeiras detenções, a investigação do Ministério Público deverá estar concluída em março.
Entre os 20 arguidos na Operação Marquês estão João Perna, ex-motorista do antigo primeiro-ministro, os empresários Joaquim Barroca, Paulo Lalanda de Castro (administrador da Octapharma em Portugal e arguido noutros processos), Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro, Inês Pontes do Rosário (mulher de Carlos Santos Silva), o advogado Gonçalo Trindade Ferreira, e Bárbara Vara, filha de Armando Vara, bem como a ex-mulher de José Sócrates, Sofia Fava.
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