Desde cerca das 11:00 – hora a que foi conhecida a decisão do Ministério Público - que as assessorias de imprensa dos partidos responderam com um “não” à pergunta se algum dirigente ia comentar o desfecho da investigação a José Sócrates.

Depois de uma reunião com o Governo sobre o Orçamento do Estado de 2018, o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, atalhou a pergunta para dizer: “Sobre essa matéria não quero fazer declarações. À justiça o que é da justiça.”

E esse argumento – “à justiça o que é da justiça” – foi usado pelas assessorias dos partidos para justificar o silêncio, lembrando que, no passado, também não comentaram nem este nem outros processos judiciais.

A única exceção, no comentário, foi Carlos César, líder parlamentar do PS, mas fora da Assembleia da República, no programa da TSF “Almoços Grátis”.

Carlos César admitiu ser "desconfortável" para "a generalidade dos portugueses" que num processo como a Operação Marquês "esteja em causa a inocência ou a culpabilidade de um antigo primeiro-ministro", mas rejeitou generalizações partidárias.

O Ministério Público acusou hoje José Sócrates de 31 crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e de fraude fiscal qualificada.

O empresário e amigo de Sócrates Carlos Santos Silva foi acusado de 33 crimes, entre os quais corrupção passiva de titular de cargo político, corrupção ativa de titular de cargo político, branqueamento de capitais, falsificação de documento, fraude fiscal e fraude fiscal qualificada e o ex-presidente do BES Ricardo Salgado de corrupção ativa de titular de cargo político, corrupção ativa, branqueamento de capitais, abuso de confiança, falsificação de documento e fraude fiscal qualificada.

O antigo presidente da PT Zeinal Bava está acusado de cinco crimes de corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documento e fraude fiscal qualificada, enquanto Henrique Granadeiro, ex-administrador da PT, está acusado de corrupção passiva, branqueamento de capitais, peculato, abuso de confiança e fraude fiscal qualificada.

O ex-ministro e antigo administrador da Caixa Geral de Depósitos Armando Vara foi acusado pelo MP de corrupção passiva de titular de cargo político, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada.

No inquérito ‘Operação Marquês’ foram acusados 28 arguidos, 19 pessoas e nove empresas, num total de 188 crimes.