A afirmação foi feita pelo secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, Oleksi Danilov, na estação Radio Liberty. “Nem todas as operações podem ser contadas”, argumentou.

“A única coisa que posso dizer é que [as operações] não terminarão até que todo o território do nosso país, incluindo a Crimeia, esteja livre de terroristas”, observou Danilov, insistindo que a opção de uma intervenção militar naquela península não está descartada enquanto os russos não entenderam que “têm de sair”.

Embora a pequena incursão na madrugada de quinta-feira tenha sido mais simbólica do que militar — os soldados ucranianos conseguiram erguer a bandeira na península ilegalmente anexada por Moscovo desde 2014, enquanto se preparava para celebrar o Dia da Independência — Danilov sublinhou que os russos foram incapazes de lidar com os militares enviados por Kiev.

“Posso dizer que foi uma operação muito poderosa na Crimeia, com a utilização das mais modernas armas (…) Não têm meios que nos impeçam de cumprir a tarefa que o Presidente nos confiou”, disse o secretário de Segurança e Defesa.

Um grupo da Marinha e da secreta Ucraniana desembarcou numa área localizada entre as cidades de Olenivka e Mayak, no extremo oeste da Crimeia.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, saudou a operação, embora tenha reconhecido que é “muito cedo” para falar na “libertação” da península, da qual Kiev parece não querer desistir numa possível negociação com a Rússia.

As forças ucranianas continuam, entretanto, a operação ofensiva na direção de Melitopol, no sul do país, segundo o relatório do Estado-Maior General das Forças Armadas da Ucrânia, citado pela agência Ukrinform.

“As Forças de Defesa da Ucrânia continuam a conduzir a operação ofensiva na direção de Melitopol, a ganhar posição nas fronteiras alcançadas e a realizar combates contra-baterias, diz o relatório.

De noite, a Federação Russa lançou mais um ataque aéreo e com mísseis no território ucranianos.

Nas últimas 24 horas, segundo o relatório, a Rússia lançou sete ataques com mísseis, 47 ataques aéreos e 69 ataques de artilharia MLRS contra posições de tropas ucranianas e localidades, tendo vitimado civis e danificado edifícios residenciais e outras infraestruturas civis.

O relatório dá ainda conta da ocorrência, no mesmo período, de 35 combates entre tropas ucranianas e as forças invasoras russas.

No nordeste da Ucrânia, as forças russas mudaram o seu foco do entroncamento ferroviário de Kupyansk para as cidades de Nova Gorivka e Lyman, segundo um porta-voz militar ucraniano.

“Neste momento, o inimigo parece ter colocado ênfase em Nova Gorivka e Lyman”, disse o porta-voz do Comando Oriental Ucraniano, Ilia Yevlash, à televisão ucraniana.

Segundo esta fonte, nas últimas 24 horas na parte nordeste da frente o exército russo foi reforçado com um destacamento massivo de soldados para fazer recuar as forças de Kiev.

No eixo da frente Kupyansk-Lyman, a Ucrânia reivindica ter destruído vários tanques T-80 e múltiplos sistemas de artilharia, além de provocar baixas às forças inimigas.

De acordo com o porta-voz ucraniano, a Rússia continua a recorrer a ataques quase suicidas, forçando os seus soldados a atacar mesmo sem o apoio de armas pesadas.

A fonte também disse que a Ucrânia mantém intensa atividade de contra-bateria que estaria a causar “danos devastadores” aos mísseis antiaéreos russos.

O porta-voz militar de Kiev também destacou que os ‘drones’ russos estão a causar muitos problemas nas linhas de frente.

As informações divulgadas pela Ucrânia e pela Rússia sobre o curso da guerra iniciada com a invasão russa de 22 de fevereiro de 2022 não podem ser verificadas de imediato por fontes independentes.

Desde o início da guerra, a Rússia declarou a anexação das regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia.

Kiev exige a retirada das tropas russas de todo o território da Ucrânia, incluindo da Península da Crimeia.

A Ucrânia tem em curso uma contraofensiva desde junho, mas os dirigentes ucranianos têm admitido avanços lentos e conquistas modestas.

Os aliados ocidentais têm fornecido armamento a Kiev e decretado sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo para financiar o esforço de guerra.