“Ao fazê-lo, a Rússia desacredita o Estado de direito neerlandês. É absolutamente inaceitável”, declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros, num comunicado enviado à agência noticiosa AFP, um dia após a condenação a prisão perpétua de dois russos e de um ucraniano acusados da destruição do voo MH17 da Malaysia Airlines.

“Esse foi o motivo da convocação do embaixador da Rússia ao início da tarde de hoje, e das explicações que lhe foram solicitadas”, acrescentou o ministério.

Os russos Igor Guirkine e Serguei Dubinski e o ucraniano Leonid Khartchenko foram reconhecidos como culpados pelas mortes das pessoas que estavam a bordo do aparelho, um Boeing 777, e de envolvimento na destruição do avião.

Foram condenados à revelia por um tribunal neerlandês após se terem recusado a comparecer no julgamento, que se prolongou por dois anos e meio.

Um outro cidadão russo envolvido no processo, Oleg Pulatov, que se fez representar por um advogado, foi absolvido.

Em reação ao veredicto, a Rússia denunciou de imediato uma decisão “política”.

“O processo nos Países Baixos tem todas as condições para se tornar num dos mais escandalosos na história dos processos judiciais”, reagiu, na quinta-feira, em comunicado o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

Os 298 passageiros e membros da tripulação do voo MH17 foram mortos quando o aparelho que estabelecia a ligação entre Amesterdão e Kuala Lumpur foi atingido no leste da Ucrânia, controlada pelos separatistas russófonos, por um míssil BUK identificado como proveniente da 53.ª brigada de mísseis antiaéreos de Kursk, na Rússia, indicou o tribunal.

Moscovo sempre negou qualquer envolvimento neste grave incidente e recusou a extradição de qualquer suspeito, afirmando ser ilegal com base na lei russa.