"Tivemos a sorte de encontrar o crânio quase completo de um golfinho amazónico que viveu nesta região há 16 milhões de anos", disse à AFP o paleontólogo Rodolfo Salas-Gismondi, do Museu de História Natural da Universidade Nacional de San Marcos, em Lima.

A descoberta ocorreu em 2018, nas margens do rio Napo, na região de Loreto, mas a confirmação dos testes de antiguidade foi adiada devido à pandemia de covid-19. "É um sucesso, porque permite-nos conhecer um animal que não sabíamos que existia na Amazónia", principalmente por tratar-se de uma região onde a procura por fósseis é difícil", ressalvou o especialista.

O achado foi publicado na revista científica norte-americana Science Advances. Segundo o investigador peruano, trata-se de um golfinho cujo comprimento varia entre 3 e 3,5 metros: "É um animal bastante grande, maior do que qualquer golfinho de rio já descoberto."

Dolphin
créditos: Cris BOURONCLE / AFP

Segundo Salas, "é provável que este golfinho possua antepassados marinhos em todo o oceano e que tenham feito incursões pela região amazónica e Índia".

Há 16 milhões de anos, a Amazônia peruana era bem diferente. Grande parte da planície amazónica era coberta por um grande sistema de lagos e pântanos chamados Pebas, onde viviam grandes golfinhos.

O sistema Pebas incluía ecossistemas aquáticos e terrestres e estendia-se pelo que hoje são Brasil, Colômbia, Equador, Bolívia e Peru. "É uma grande descoberta, uma contribuição muito grande para a paleontologia e muito importante para compreender a biodiversidade atual", explicou à AFP o diretor do Instituto francês de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), Bruno Turcq.

Um investigador do instituto participou da descoberta. Formada por paleontólogos peruanos, americanos e franceses, a expedição foi patrocinada pela National Geographic Society.

Os primeiros cetáceos evoluíram de animais terrestres há cerca de 55 milhões de anos.