Na sessão solene comemorativa dos 43 anos do 25 de Abril, na Assembleia da República, André Silva foi o primeiro a discursar e citou Maria de Lourdes Pintasilgo e Boaventura de Sousa Santos.

“Estamos convictos de que precisamos de retirar os valores de Abril desta lógica meramente discursiva e de os transpor para o nosso século XXI, assumindo com orgulho que neste 43º aniversário ainda há espaço para Democratizar”, defendeu.

Na opinião do deputado do PAN, “a estrutura base das atuais democracias ocidentais está abalada e desatualizada”, uma vez que “não acompanha as necessidades dos cidadãos, nem lhes propõe modelos exequíveis de governação mais transparentes, participativos e descentralizados”.

“A volatilidade dos nossos sistemas democráticos está também ligada à participação, ou falta dela, no dia-a-dia político e social das democracias ocidentais. A política da maioria absoluta, do privilégio, das elites instaladas e dos setores intocáveis tem que desaparecer”, apelou.

André Silva utilizou as palavras de Boaventura de Sousa Santos para dizer que “democratizar é uma tarefa que está muito para além do Estado e do sistema político. Democratizar é um processo sem fim. Democratizar é ‘desmercantilizar’ a vida, descolonizar as relações sociais, ‘despatriarcalizar’ a nossa sociedade.”.

“Grande parte desse trabalho está nas mãos daqueles e daquelas que hoje se sentam nesta Assembleia da República em celebração de uma Democracia ainda – e sempre – por concretizar”, disse.

O deputado único do PAN – naquela que foi a sua segunda intervenção numa cerimónia do 25 de Abril – confessou estar “honrado por fazer parte de um movimento político e cívico a quem está a ser dada a oportunidade de contribuir para essa realidade”.

“Sei que este sentimento transborda as portas desta Sala e que é partilhado por cada vez mais cidadãs e cidadãos que, no que fazem e dentro das suas capacidades de ação, são dotados de um poder transformador incrível e infindável”, observou, prometendo que o PAN “tudo fará para o potenciar no cumprimento de um desígnio que é de todos” que é o de viver “em felicidade e harmonia”.

André Silva recordou ainda as palavras de Maria de Lourdes Pintasilgo: “a sociedade em trânsito não é uma sociedade fechada sobre si própria. Escoa-se de um tempo já vivido para se alongar, adentrando-se, num tempo ainda desconhecido”.

Para o deputado do PAN, “uma sociedade em trânsito é sempre uma sociedade em movimento, uma sociedade com pensamento crítico, consciente do momento civilizacional em que se encontra”.

“E o nosso momento civilizacional é o da atualidade. Esta requer que alonguemos os valores de Abril neste adentrar num tempo que entendemos ter que ser necessariamente de interdependência, de responsabilidade, de boa governança, de empatia, de igualdade, de felicidade, de prosperidade sustentável”, refletiu.

A sociedade, continuou o parlamentar, “espera da atualidade governativa a persecução de políticas públicas e sociais justas, igualitárias e humanistas, o reforço da pluralidade política, a criação de pontes de diálogo e entendimento”.

“Estaremos nós a cumprir esse desígnio? Por vezes, é-nos difícil acreditar. Vivemos tempos conturbados, nos quais a balança mundial parece estar tendenciosamente desequilibrada para o lado da xenofobia, da homofobia, da misoginia, do nacionalismo, do racismo, do ‘especismo'”, lamentou.