“Porque é um partido que se coaduna com aquilo que são algumas questões que são fundamentais e prioritárias: a preservação dos ecossistemas, a questão da transição climática, a necessidade de preservar a biodiversidade, a questão de encararmos um futuro sustentável para a nossa sociedade”, começou por afirmar o líder madeirense numa entrevista ao programa “Grande Entrevista” da RTP3.

Albuquerque considerou ser “natural” esta escolha pelo PAN, apontando que a Madeira é uma região vocacionada para as questões ambientais.

O governante madeirense apontou que parte das questões suscitadas pelo PAN (Pessoas-Animais-Natureza) “já estavam” no programa do PSD, defendendo que “devem ser colocadas na ordem do dia”, fazendo parte da agenda política, embora não “concorde com todas”

Questionado sobre as 10 exigências do PAN,o presidente reeleito domingo para um terceiro mandato, salientou que “um governo com um acordo parlamentar a quatro anos é um governo que tem de funcionar com maior capacidade de diálogo e com maior interação entre as forças políticas”, realçando que “não houve qualquer desentendimento” com o CDS, o parceiro da coligação com quem governou nos últimos quatro anos.

“Da minha parte vai durar [o acordo com o PAN celebrado par os próximos quatro anos]”, declarou, defendendo a importância de “haver entendimento e diálogo permanente”, incluindo em matéria de Orçamento Regional e programa do executivo, entre as partes, sendo questões que “estão preto no branco” no acordo que foi exarado.

Sobre os contactos com a Iniciativa Liberal (IL), o líder regional disse “nunca foi a sua opção” e “não foi uma questão de personalidade [com o cabeça de lista do IL, Nuno Morna[, mas de opção política”.

“O que disse foi que no quadro dos interesses da região e daquilo que temos de fazer no parlamento com as forças políticas que temos afinidade, o diálogo com a Iniciativa Liberal não está excluído”, sublinhou.

Albuquerque reforçou que, apesar do acordo parlamentar ter sido feito com o PAN, o PSD continua “aberto a dialogar com o IL”, a quem recusa “fechar a porta”, reafirmando estar excluído qualquer entendimento com o Chega.

Para o líder madeirense “é preciso enfrentar e desmistificar” os protagonistas dos movimentos populistas que têm assumido relevância nos últimos tempos.

Miguel Albuquerque também refutou que a sua credibilidade esteja em causa por continuar o seu projeto governativo depois de ter afirmado várias vezes em campanha eleitoral que “não governava se não tivesse uma maioria absoluta”.

“Fiz esse ‘forcing’ político”, vincou, considerando que foi apenas uma “pequena pressão” para evitar a abstenção, destacando que são seria “irresponsável” abandonar “num quadro em que é possível a governação da Madeira”.

Também considerou que o PS “teve a oportunidade” de promover a alternância política na Madeira, até porque governou oito anos a Câmara do Funchal, complementando que não vai conseguir esse objetivo enquanto estiver subordinado a uma injunção de Lisboa” e não tiver “uma matriz e agenda autonomista”.

Quanto ao seu futuro político, enfatizou : “Nunca digo que é o último [mandato] para evitar sarilhos”, realçando que “as carreiras políticas surgem por oportunidade e ‘timing’”.

“Nunca pus nada de lado, nem ponho”, sublinhou.

A coligação PSD/CDS-PP teve como cabeça de lista Miguel Albuquerque, que se recandidatou para um terceiro mandato como presidente do Governo Regional da Madeira, venceu no domingo as legislativas regionais, mas ficou a um deputado da maioria absoluta, tendo sido anunciado na terça-feira um acordo de incidência parlamentar com o PAN, que conseguiu um mandato.

Nas eleições de domingo, a coligação PSD/CDS-PP elegeu 23 deputados, o PS 11, o JPP cinco e o Chega quatro, enquanto a CDU (PCP/PEV), o BE, o PAN e a IL elegeram um deputado cada.