“Estamos em tempo de guerra e a paz é muito frágil. Dou-vos este presente que fazemos nas nossas oficinas”, explicou o líder da igreja católica ao chefe de Estado brasileiro e à primeira-dama, Rosângela “Janja” da Silva, ao entregar-lhes um baixo-relevo intitulado “A paz é uma flor frágil”.

Francisco e Lula da Silva encontraram-se à porta fechada num gabinete da Sala Paulo VI, perto da residência do pontífice, que acaba de ser operado a uma hérnia abdominal e se desloca com a ajuda de uma bengala, agora frequente devido a problemas nos joelhos.

Ao receber o Presidente brasileiro e a sua mulher, o Papa argentino exclamou em espanhol: “Que prazer revê-los!”.

E disse, no seu habitual tom irónico, “ainda vivo” ao Presidente, reeleito em janeiro passado, após uma via-sacra judicial e política que o levou à prisão.

Em seguida, apertou a mão da primeira-dama, vestida de preto, como manda o protocolo, afirmando: “Muito prazer, senhora”.

Após o encontro à porta fechada, Lula da Silva agradeceu ao Papa na rede social Twitter pela “boa conversa sobre a paz no mundo”, já que uma das suas intenções era abordar a guerra na Ucrânia.

Francisco dedicou um “bem-vindo” a Lula e à sua mulher, antes de proceder à tradicional troca de presentes.

Lula da Silva ofereceu ao Papa uma gravura da Sagrada Família, do artista pernambucano J.F. Borges, enquanto a sua mulher lhe ofereceu uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré de Belém.

Francisco, por seu lado, entregou-lhe a sua Mensagem de Paz para 2023, o documento sobre a Fraternidade Humana, o livro sobre a “Statio Orbis” de 27 de março de 2020, quando rezou pelo fim da pandemia numa Praça de São Pedro deserta.

“Hoje assinei-o para vós”, disse.

Por fim, presenteou o casal brasileiro e a sua delegação com um terço e um objeto comemorativo do décimo ano do seu pontificado.

Antes de se despedir, Francisco abraçou Lula da Silva, apertou-lhe a mão e dedicou-lhe uma última palavra, “coraggio” (coragem ou força, em italiano), enquanto levantava o polegar.