“Recebi com tristeza a notícia de um novo naufrágio de migrantes no mar Mediterrâneo. Não fiquemos indiferentes a estas tragédias e rezemos pelas vítimas e as suas famílias”, declarou Francisco na rede social X (antigo Twitter).

Um total de 41 pessoas morreu num naufrágio registado na quarta-feira ao largo da ilha italiana de Lampedusa, no sul de Itália.

Os quatro sobreviventes do naufrágio — um menor de 13 anos, uma mulher e dois homens resgatados por um navio mercante e transportados pela Guarda Costeira italiana para a ilha de Lampedusa — relataram às autoridades que a embarcação tinha saído de Sfax, na Tunísia, e que, após cerca de seis horas de navegação, virou devido a uma grande onda e as pessoas, entre as quais três crianças, caíram ao mar.

No domingo passado, durante o regresso a Roma após ter presidido à Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa, o Papa falou da crise migratória e das suas trágicas consequências, alertando para a situação no Mediterrâneo, mas também no norte de África, e insistindo que “é criminosa a exploração dos migrantes”.

“O Mediterrâneo é um cemitério, mas o maior cemitério é o norte de África. É terrível”, afirmou Francisco no domingo, a bordo do avião que regressava a Roma.

“Aqui na Europa não, porque somos mais cultos, mas nos campos do norte de África…”, afirmou na ocasião, lembrando que “na semana passada, a instituição ‘Mediterranea Saving Humans’ estava a trabalhar para resgatar migrantes num deserto entre a Tunísia e a Líbia, porque foram deixados ali, para morrer”.

Francisco adiantou que vai a Marselha, França, no final de setembro, para os “Encontros Mediterrâneos”, por causa desta situação

“Os bispos do Mediterrâneo vão fazer este encontro, com alguns políticos, também, para refletir a sério sobre o drama dos migrantes”, acrescentou,

Segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), o Mediterrâneo Central — entre o norte da África e a Itália — é atualmente a rota migratória mais perigosa do mundo. Desde 2014, a OIM contabilizou mais de 20.000 mortes.

De acordo com os últimos dados do Ministério do Interior italiano, este ano quase 94.000 migrantes desembarcaram na costa italiana, mais do dobro em relação aos 45.000 registados no mesmo período do ano passado.