“Estes dois irmãos bispos, o bispo emérito de Hong Kong e o atual bispo, quero aproveitar a sua presença para enviar uma saudação calorosa ao nobre povo chinês”, disse Francisco, de surpresa, no final de uma missa em Ulan Bator.

O Papa desejou que o povo chinês “avance sempre e faça progressos”.

“E aos católicos chineses, peço-vos que sejam bons cristãos e bons cidadãos. A todos”, acrescentou, citado pela agência espanhola EFE.

Francisco, 86 anos, celebrou hoje uma missa num estádio em Ulan Bator perante cerca de dois mil fiéis, incluindo católicos de outras nações asiáticas, como o Vietname, as Filipinas e a China.

Perante uma multidão entusiasta, Francisco deu a volta à arena num carrinho de golfe ao lado do cardeal italiano Giorgio Marengo, um missionário de longa data na Mongólia e, aos 49 anos, o cardeal mais jovem da Igreja Católica.

Em seguida, foi conduzido ao palco, onde estava colocada uma cruz gigante, para presidir à missa.

No final da missa, gritou “bayarlalaa!”, obrigado em mongol, aos “irmãos e irmãs da Mongólia”, de acordo com o relato da agência francesa AFP.

A visita do Papa “prova a solidariedade da humanidade”, disse à AFP Natsagdorj Damdinsuren, diretor de um mosteiro budista na Mongólia.

“Sou apenas um humilde monge budista, mas para mim, a guerra e os conflitos são os acontecimentos mais trágicos do nosso tempo. Suponho que as outras religiões concordam comigo”, acrescentou.

Nomin Batbayar, um estudante mongol de 18 anos presente na missa, congratulou-se com o apelo do Papa ao diálogo inter-religioso.

“Sinto que ele é uma pessoa verdadeiramente autêntica, e é por isso que há mil milhões de pessoas no mundo que acreditam nele e o apoiam”, afirmou.

“A China não o apoia verdadeiramente, mas o seu povo está presente hoje”, observou.

Francisco chegou à Mongólia na sexta-feira para visitar a pequena comunidade católica local de cerca de 1.400 fiéis.

O Papa argentino tornou-se o primeiro chefe da Igreja Católica a visitar a nação asiática com uma população maioritariamente budista.

Por a Mongólia estar encravada entre a Rússia e a China, esperava-se uma representação de peregrinos dos dois países na missa.

Nenhum bispo da China continental terá sido autorizado a viajar para a Mongólia durante a visita do Papa, segundo as agências internacionais.

Apenas o antigo cardeal chinês e bispo emérito de Hong Kong, John Tong Hon, e o atual bispo, Stephen Chow, que será nomeado cardeal pelo Papa no final de setembro, assistiram à visita do Papa.

No estádio, um grupo de cerca de 40 católicos de Hong Kong exibiu as respetivas bandeiras e estandartes, segundo a EFE.

Ao lado, cerca de 20 pessoas provenientes do norte da China ergueram a bandeira chinesa quando o Papa passou no local antes de celebrar a missa.

“Sempre esperámos por isso”, disse Yan Zhiyong, um empresário católico chinês na Mongólia, à agência norte-americana AP.

“Esperamos realmente que, gradualmente, o nosso Governo e os nossos dirigentes o aceitem e o convidem a visitar o nosso país”, acrescentou.

A China não reconhece a autoridade do Papa em relação aos católicos no país, que estão subordinados à Associação Patriótica Católica Chinesa, um organismo estatal fundado em 1957.

O Papa deixa a Mongólia na segunda-feira.