"Durão Barroso é um exemplo maior de algo que caracteriza as instituições da União Europeia, que é a enorme promiscuidade que existe entre o poder político e o poder económico e financeiro", disse Ferreira, aos jornalistas, em Estrasburgo.

A contratação do ex-presidente da Comissão Europeia pela Goldman Sachs Internacional (GSI) é "um caso que choca, que escandaliza, que repugna, mas que está muito longe de ser um exemplo único", salientou.

João Ferreira exemplificou com os casos Luxleaks, de práticas fiscais agressivas praticadas no Luxemburgo quando Jean-Claude Juncker era primeiro-ministro no país, e de Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu e que trabalhou para a Goldman Sachs.

"O que fica claro é que há uma autêntica passadeira para os interesses económicos e financeiros entrarem por dentro das instituições da UE e as controlarem", considerou.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, anunciou que vai examinar o contrato do seu antecessor com o GSI e deu já instruções ao seu gabinete para tratar Durão Barroso como qualquer outro lobista com ligações a Bruxelas.

Qualquer comissário europeu ou funcionário da UE que mantiver contactos com Durão Barroso será obrigado a registar esses contactos e a manter notas sobre os mesmos.

Esta decisão de Juncker responde à provedora de justiça europeia, Emily O'Reilly, que na semana passada pediu esclarecimentos sobre a posição da Comissão Europeia face à nomeação de Durão Barroso para administrador não-executivo na GSI, sendo ainda consultor da empresa para o 'Brexit'.