“Não somos nós quem está a levantar objeções ou problemas acerca desta matéria, mas estamos atentos ao que se está a passar”, referiu Passos Coelho, em Ponte da Barca, à margem de uma visita à Santa Casa da Misericórdia local.

Lembrou que, há cerca de nove meses, o PSD deu o sim à escolha do diplomata José Júlio Pereira Gomes para secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP).

“O que se está a passar nesta altura não tem origem no PSD”, acrescentou, sustentando as pessoas que têm vindo a fazer “críticas fortes” à escolha do Governo são do PS ou próximas.

O PSD, adiantou, segue esta matéria e aguarda a audição parlamentar em que a matéria será discutida.

“Julgo que é uma oportunidade boa para esclarecer esse tipo de dúvidas que possa existir. Não deixaremos de ter isso tudo em conta, mas não quero estar a acrescentar nada que possa contribuir para adensar a polémica sobre esta matéria”, rematou Passos Coelho.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, manifestou confiança no diplomata José Júlio Pereira Gomes para o desempenho das funções de secretário-geral das “secretas”, explicando que foi isso que o levou a convidá-lo para o cargo.

“Da minha parte, a confiança que tenho no embaixador José Júlio Pereira Gomes para o desempenho das funções foi o que me levou a convidá-lo” para o cargo de secretário-geral do SIRP, sublinhou o líder do executivo aos jornalistas, à margem da inauguração do Hotel Pura Lã – Wool Valley Hotel & SPA, na Covilhã.

António Costa defendeu, por outro lado, a necessidade de aguardar a audição parlamentar de José Júlio Pereira Gomes no parlamento para o esclarecimento de questões que os deputados considerem oportuno colocar.

“Em primeiro lugar, devemos respeitar o funcionamento das instituições. Neste momento está em curso a audição parlamentar e nessa ocasião o embaixador José Júlio Pereira Gomes terá a oportunidade de esclarecer tudo o que os deputados entendam que deve ser esclarecido”, afirmou.

António Costa foi questionado se admitia reconsiderar a confiança no chefe das secretas portuguesas, depois de a eurodeputada socialista Ana Gomes ter considerado, em artigo publicado no DN, que Pereira Gomes “não inspira confiança”, pelo facto de ter abandonado Timor-Leste após o referendo de 1999 em Timor-Leste

O primeiro-ministro disse que, desde os acontecimentos em Timor até hoje, José Júlio Pereira Gomes exerceu a sua carreira de diplomata e foi sendo sucessivamente promovido por três vezes e por vários Governos.

“O que portanto, indicia que não houve nenhum comportamento que tivesse inibido a evolução da sua carreira normal ao longo dos anos”, sustentou.

“O Governo escolhe e indigita uma personalidade e é sujeita a audição parlamentar para que os deputados possam ver se tem condições, competência e perfil para a função e em função disso o Governo procede à nomeação”, recordou.