"Cumprimento o novo presidente eleito dos Estados Unidos da América que merece o nosso respeito, porque foi eleito democraticamente pelos americanos", afirmou o presidente social-democrata, Pedro Passos Coelho, em declarações aos jornalistas, no final de um encontro com responsáveis da CGTP-IN, em Lisboa.

Reconhecendo que se a ação futura de Donald Trump for consistente com o que foi dito em campanha eleitoral há motivos alguma apreensão, Passos Coelho fez votos para que o novo Presidente dos Estados Unidos se distancie "um pouco daquilo que foi o tom da campanha eleitoral", porque assim "talvez as coisas não corram tão mal quanto se espera".

Contra o que previam as sondagens, o polémico magnata do imobiliário venceu as eleições de terça-feira, obtendo 276 votos no colégio eleitoral, contra os 218 conquistados pela adversária democrata, Hillary Clinton.

Num comentário a este resultado, o líder do PSD admitiu que não foi o que desejaria, embora não tivesse sido uma surpresa, principalmente depois do que se passou no Reino Unido, onde "as sondagens falharam redondamente" porque não conseguiram captar o sentido de voto de muitos insatisfeitos que normalmente não votam e que quando aparecem surpreendem quem faz as estimativas.

"Sobretudo quando sabemos que esses insatisfeitos têm vindo a aumentar na Europa, nos Estados Unidos também, é muito natural que o chamado politicamente correto possa falhar, mas isso significa que tem de haver uma reavaliação razoável - que devia estar a acontecer na Europa e espero que aconteça também nos Estados Unidos - que nos permita ir melhor ao encontro das expectativas dos cidadãos e não estar a defraudá-los", sublinhou Passos Coelho.

Ainda sobre o que espera que aconteça daqui para a frente, o líder social-democrata fez votos para que não se siga por um caminho de "fechamento, de protecionismo, de olhar para o umbigo", fazendo de conta que não existe globalização, "porque esse mundo já não existe".

Recusando fazer "profecias" ou previsões, Passos Coelho reconheceu que há um nível de incerteza muito grande" porque, embora se sabia o que "os americanos recusaram e o que é que não queriam", o que escolheram "é em grande medida uma incerteza".

"Aquilo que temos para nos guiar é aquilo que foi dito durante a campanha", frisou, considerando que há que "aguardar para ver".

"Sabemos que ele foi eleito democraticamente, sabemos que ele tem um programa que anunciou que é um programa de maior fechamento da economia americana, de maior protecionismo, de certa maneira de maior fechamento da própria sociedade também, e isso não é uma coisa que nos agrade, (…) não é um resultado entusiasmante, espero que a prática se distancie disso", insistiu.