“Consideramos que Portugal, ao nível da Presidência da República, Governo, Assembleia da República, tem de ter um posicionamento numa perspetiva de encontrar uma solução de paz, de cumprimento das resoluções das Nações Unidas e de respeito pelo direito da Palestina. As palavras do secretário-geral das Nações Unidas são neste sentido”, declarou a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, em conferência de imprensa no parlamento.

A deputada comunista reagia às palavras do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, que, na terça-feira, “condenou inequivocamente os atos terroristas horríveis e sem precedentes do Hamas”, mas salientou que "não aconteceram num vácuo", acrescentando que "o povo palestiniano tem sido submetido a 56 anos de ocupação sufocante".

Paula Santos referiu que a posição do PCP “é muito clara” sobre o conflito, manifestando pesar “relativamente a todas as vítimas inocentes, israelitas e palestinianas”, mas realçando que a Palestina vive “um processo de ocupação, de agressão, de desrespeito dos direitos do povo palestiniano por parte de Israel”.

“Há décadas de incumprimento das resoluções das Nações Unidas, e é neste contexto da necessidade de cumprimento dessas resoluções, da solução dos dois Estados e da criação do Estado da Palestina, com as fronteiras de 1967 e com a capital em Jerusalém Oriental, que nós vemos estas declarações do secretário-geral da ONU”, referiu.

A presidente do Grupo Parlamentar do PCP considerou “uma evidência aquilo que têm sido anos e anos de agressão, de assassinatos, de desrespeito, de prisão do povo palestiniano, e que urge pôr fim”, acrescentando que isso “não pode ser escondido nem apagado nos dias que vivemos hoje”.

“Nós consideramos que o caminho para a paz passa necessariamente pelo cumprimento das resoluções das Nações Unidas, que têm sido desrespeitadas por Israel, e pelo respeito dos direitos do povo palestiniano”, sublinhou.

Paula Santos reforçou que as Nações Unidas “têm um papel importante no sentido de tomarem as diligências para o avanço da garantia da paz no Médio Oriente, do cumprimento das resoluções, do respeito do povo da Palestina”.

A deputada sublinhou que o PCP tem insistido nestas questões, inclusive no parlamento, e tem apelado a que se avance, “no plano internacional, para a paz no Médio Oriente, e para o respeito não só das resoluções das Nações Unidas”, mas também pelos direitos do povo palestiniano.

Na terça-feira, na abertura de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, numa intervenção em inglês, Guterres considerou que "é importante também reconhecer que os ataques do Hamas não aconteceram num vácuo", acrescentando que "o povo palestiniano tem sido submetido a 56 anos de ocupação sufocante".

Guterres defendeu que "as queixas do povo palestiniano não podem justificar os ataques terríveis do Hamas", assim como "esses ataques terríveis não podem justificar a punição coletiva do povo palestiniano".

Na mesma reunião, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Eli Cohen, acusou António Guterres de estar desligado da realidade e de mostrar compreensão pelo ataque do Hamas de 07 de outubro com um "discurso chocante".

Na rede social X, ex-Twitter, o embaixador israelita na ONU, Gilad Erdan, pediu a demissão imediata de António Guterres das funções de secretário-geral desta organização.

Hoje, Gilad Erdan anunciou a decisão de Israel de não conceder vistos a representantes da ONU, numa entrevista à Rádio do Exército israelita.