“Catarina e a beleza de matar fascistas” é o mais recente texto e encenação do diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, Tiago Rodrigues, e tem lotação esgotada para os oito espetáculos a realizar no Porto e para os 14 a realizar em Lisboa.

A peça será representada no Porto entre 11 e 20 de fevereiro de 2021 e em Lisboa entre 8 e 25 de abril de 2021.

Depois da estreia em setembro, no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, o espetáculo partiu em digressão internacional, que se iniciou em Lausana, na Suíça. Entretanto, o texto foi publicado em francês, pela editora Les Solitaires Intempestifs, e o regresso ao confinamento na Europa permitiu, nos passados dias 09 e 10, a apresentação de dois espetáculos extra, em Lisboa.

A agenda inicial da digressão do mais recente texto de Tiago Rodrigues, diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, previa apresentações em França, em novembro e dezembro, incluindo cerca de um mês de sessões esgotadas no âmbito do Festival d’Automne, em Paris. No entanto, tais espetáculos foram adiados devido à pandemia de covid-19 e ao confinamento decretado em França.

“Perante o cenário de adiamento de dezenas de récitas de 'Catarina e a beleza de matar fascistas', agendadas para os meses de novembro e dezembro, em vários teatros franceses, o Teatro Nacional D. Maria II optou por antecipar a estreia do espetáculo em Lisboa, nesta fase tão desafiante para o setor cultural”, é possível ler numa mensagem do autor da peça, citada num comunicado divulgado a 18 de novembro, quando foram anunciadas as duas sessões no CCB.

A peça tem ainda representações agendadas para 23 de janeiro de 2021, no Fórum Municipal Luísa Todi, em Setúbal, e nos dias 25 e 26, no Thalia Theater, em Hamburgo (Alemanha).

Dias 5 e 6 de março de 2021 estão marcadas duas sessões no 23 milhas (espaço cultural em Ílhavo).

“Catarina e a beleza de matar fascistas” fala de uma família que tem por tradição matar fascistas. Numa casa de campo, no sul de Portugal, a família reúne-se para que o seu elemento mais jovem, Catarina, se inicie no ritual, matando o primeiro fascista que fora raptado de propósito para o efeito.

O dia que estava previsto para ser de festa, beleza e morte, acaba, todavia, por principiar um conflito familiar, pois Catarina revela-se incapaz de matar, recusando-se a ser iniciada no ritual familiar.

Criada por Tiago Rodrigues e produzida pelo D. Maria II, “Catarina e a beleza de matar fascistas” tem interpretação de António Fonseca, Beatriz Maia, Isabel Abreu, Marco Mendonça, Pedro Gil, Romeu Costa, Rui M. Silva e Sara Barros Leitão. A obra ficciona aquilo que poderá ser Portugal em 2028, governado pela extrema-direita.

A peça termina com um longo discurso de um membro do partido então no poder, que em 2020 tinha apenas um deputado, mas que entretanto conseguiu chegar aos 117, alcançando a maioria absoluta. Este partido fala numa nova República, numa nova Constituição e em mais de meio século de um país “governado por bandidos”.

“É uma peça que nos coloca num contexto imaginário, ficcionado, para pensarmos sobre as nossas vidas e sobre o que poderá ser o futuro se não tivermos cuidado e não refletirmos e agirmos no presente”, referiu Tiago Rodrigues aquando da estreia em Guimarães.

Para o encenador e diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, trata-se de uma “abordagem muito clara à ameaça da ascensão de populismos de extrema-direita, de tendência fascista, para não lhe chamar efetivamente fascistas”. A peça, sublinha Tiago Rodrigues, alerta para a necessidade de a sociedade se questionar sobre a forma como a democracia se pode relacionar “com essa ameaça que não é democrática, que é mesmo antidemocrática”.