A informação foi avançada pelo Ministério da Unificação da Coreia do Sul, escreve a Reuters. A irmã de Kim vai, assim, acompanhar Kim Yong-nam, presidente da Assembleia Popular Suprema e Choe Hwi, do comité desportivo e responsável pela propaganda ideológica do regime nos media, na arte e cultura, e Ri Son-gwon, que liderou as negociações inter-coreanas na última semana.

O presidente do Ministério da Unificação da Coreia do Sul, Cho Myung-gyun, diz, ao The Guardian, que a presença de Kim Yo-Jong na delegação da Coreia do Norte é “cheia de significado” devido à forte ligação que tem com o partido dos trabalhadores.

A irmã mais nova de Kim Jong-Un, com 30 anos foi, no ano passado, promovida ao politburo, o órgão mais importante de tomada de decisão no Partido dos Trabalhadores da Coreia. Segundo o North Korea Leadership Watch, a jovem é uma das pessoas mais próximas de Kim Jong-un e é quem tem gerido os “eventos públicos, os itinerários e as necessidades logísticas”.

A sua descendência e linhagem familiar, para além de garantir um acesso direto à elite norte-coreana, permite um trato pessoal e único com o líder do regime de Pyongyang. Tanto assim é que a comunicação social da Coreia do Sul, aponta o The New York Times, apelida Kim Yo-Jong de "Ivanka de Kim Jong-Un", comparando a relação — até pela alegada influência que exerce — que a coreana tem com o irmão com a aquela que Ivanka Trump tem com o presidente dos Estados Unidos e pai, Donald Trump.

Shin Beom-chul, professor da Academia Nacional Diplomática Coreana em Seul, diz, também ao The Guardian, que Kim Yo-Jong é uma pessoa “capaz de enviar uma mensagem direta de Kim Jong-Un”. Contudo, Shin aponta para uma questão problemática da visita de Kim Yo-Jong: "Kim vem com Choe Hwi. Isso suscita preocupações acerca da possibilidade da Coreia do Norte usar os jogos olímpicos como ferramenta de propaganda ao invés de investir numa possível abertura de diálogo com a Coreia do Sul".

Mike Pence, vice-presidente norte-americano, também vai estar presente na cerimónia de abertura dos jogos olímpicos ao liderar a delegação dos EUA.  Esta quarta-feira, Pence disse que os Estados Unidos estão a preparar as “mais graves e agressivas” sanções económicas à Coreia do Norte.

O vice-presidente dos Estados Unidos acrescentou ainda: "Estamos a viajar para os Jogos Olímpicos para garantir que a Coreia do Norte não usa o poderoso simbolismo e o pano de fundo dos Jogos Olímpicos para ocultar a verdade acerca do seu regime”.

A presença de Kim Yo-Jong não atenua a relação tumultuosa entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos — o nome da irmã do líder faz parte inclusive daquela “lista negra” do Departamento de Tesouro dos EUA — devido a abusos de direitos humanos e a aplicação de censura.

A delegação da Coreia do Norte é composta por 280 pessoas: 229 cheerleaders, quatro membros da Comissão Nacional dos Jogos Olímpicos, 26 atletas de taekwondo e 21 jornalistas. Kim II-guk, ministro do Desporto da Coreia do Norte, fica a liderar a delegação.