O grupo de oposição “Sérvia Contra a Violência” tem vindo a organizar protestos desde as eleições de 17 de dezembro, afirmando que houve fraude eleitoral, especialmente na capital, Belgrado. Alguns políticos iniciaram uma greve de fome.

No domingo à noite, os manifestantes tentaram entrar na Câmara Municipal de Belgrado, partindo janelas, antes de a polícia de choque os fazer recuar com gás lacrimogéneo, gás pimenta e bastões.

O oficial superior da polícia Ivica Ivkovic disse aos jornalistas que os detidos eram acusados de incitar à alteração violenta da ordem constitucional – em referência à tentativa de derrubar o governo – e de comportamento violento. Ivica Ivkovic acrescentou que oito polícias ficaram feridos, alguns com gravidade.

A oposição afirmou que a polícia usou força excessiva e agrediu alguns dos seus apoiantes.

Várias centenas de estudantes universitários e outros cidadãos bloquearam hoje o trânsito numa rua importante de Belgrado, onde se situa a sede do governo, desafiando um aviso da polícia contra os bloqueios de estradas e pontes na capital. Não se registaram incidentes.

A polícia “está pronta e é capaz de combater quaisquer atos de violência com determinação”, disse Ivica Ivkovic.

O Partido Progressista Sérvio, no poder, negou ter manipulado a votação e descreveu as eleições como justas, apesar das críticas dos observadores internacionais e dos observadores eleitorais locais.

O Presidente, Aleksandar Vucic, descreveu os protestos de domingo como uma tentativa de derrubar o governo com ajuda do exterior, sem especificar. A primeira-ministra da Sérvia, Ana Brnabic, agradeceu à Rússia no final do domingo por ter avisado a Sérvia antes dos violentos protestos contra os resultados das eleições.

Aleksandar Vucic tem “provas irrefutáveis” de que o Ocidente está a encorajar os protestos da oposição, disse o embaixador russo Aleksandr Botsan-Kharchenko aos meios de comunicação russos depois de se reunir com o Presidente.

Numa mensagem na rede social Instagram Aleksandar Vucic também se referiu a “mentores do exterior” dos seus oponentes políticos, mas sem dar outros detalhes. Os agentes da polícia e a propriedade do Estado foram “brutalmente” atacados por aqueles que querem demolir a democracia e a vontade eleitoral dos cidadãos da Sérvia, disse o Presidente.

A Sérvia está formalmente a tentar aderir à União Europeia, mas a nação balcânica tem mantido laços estreitos com Moscovo e recusou-se a aderir às sanções ocidentais impostas à Rússia devido à invasão da Ucrânia.

O partido de Aleksandar Vucic obteve a vitória nas eleições parlamentares e nas eleições municipais de Belgrado. A “Sérvia Contra a Violência”, o principal concorrente do partido do governo, afirmou que lhe foi roubada a vitória, especialmente em Belgrado.

Representantes de várias organizações internacionais de defesa dos direitos humanos que observaram as eleições referiram múltiplas irregularidades durante a votação, incluindo casos de compra de votos e de enchimento de urnas.

Também assinalaram condições injustas para os candidatos da oposição devido à parcialidade dos meios de comunicação social, ao abuso de recursos públicos por parte do partido no poder e ao facto de o Presidente dominar a campanha do partido no poder e o tempo de comunicação social atribuído aos candidatos, apesar de não ter participado nas eleições.

A “Sérvia Contra a Violência” disse na quinta-feira, numa carta enviada às instituições, funcionários e países membros da UE, que não reconheceria o resultado das eleições. A aliança apelou à UE para que fizesse o mesmo e iniciasse uma investigação sobre os resultados.